Um conto de Natal e uma ode à direção do natural
Se dependesse do Boi Voador, o dinheiro com asas para resolver o imbróglio das eleições municipais a seu favor não seria problema. Ao contrário dos seus prognósticos, no contexto de 2024, o resultado de uma complexa incursão aos moldes de 2022 sob o governo Bolsonaro, de magnitude não mensurada, acabou insuficiente para se constituir fator decisivo em disputas na nação que ainda preza as regras acordadas do jogo eleitoral.
O grande vencedor foi quem teve a capacidade de se articular aos aliados de centro conciliando interesses das camadas populares e médias com os das classes empresariais sem compra de votos ou uso do poder econômico. Aconteceu assim em Camaçari e em muitos municípios de disputa acirrada.
Não atoa o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva ampliou a sua aceitação para 60% junto ao povo brasileiro, segundo recente pesquisa do Instituto Atlas, e abafou o mugido do gado predador ainda a vislumbrar como normais de descascar o "abacaxi" práticas aventureiras inconstitucionais em um cenário nacional às vésperas da mais propícia fartura das uvas passas.Embora o espírito natalino nem a todos inspire uma visão do genuíno natural em tempo nauseabundo de burla a tudo quanto construído de valores democráticos.
Mas há sempre uma lição a mais a ser aprendida: nem tudo que é bom para americanos é bom e possível no Brasil de instituições democráticas consolidadas, de pleno controle sobre o processo eleitoral em bases éticas e justas. Os Estados Unidos da América em paralelo elegeu um presidente nada republicano, no jeitinho americano de votar onde vale tudo. Teve ajuda do bilionário Elon Musk distribuindo dinheiro adoidado à população não obrigada a votar que se alimenta em boa parte de Fake News. Auto declarado ditador e protecionista ardoroso dos interesses nacionais norte-americanos de viés imperialista, o Trump oportunista capitalista anuncia que vai sobretaxar as importações, inclusive dos produtos brasileiros do agro que o reverencia e toma tiro no pé.
Na América oposta assistimos os latinos representantes congressistas agitados pela síndrome do viralatismo do amém "au au" aderirem ao clima conspiratório contra os interesses nacionais, os daqui, a troco de pongarem no lucro alvissareiro de facilidades políticas para exploração do ilícito.
O Brasil vive um boom de economia em alta, aumento dos níveis do emprego e de resultados bem capitalizados. Os americanos do Norte não são mais os nossos maiores parceiros comerciais e a moeda dos países do Brics se coloca como uma grande alternativa às transações com o dólar inflado. Uma vez mais o trabalho vence o amadorismo funesto da extrema-direita tupiniquim.
E assim como nas histórias de final feliz teremos um Natal e uma passagem para o Ano Novo promissor com o antigo mito da manada inelegível e uma direita extremada esfacelada com novos líderes divididos.
No ar cheiro das folhas de pitangas (sinônimo de vermelhas), símbolos das tradições natalinas que com elas nos contam ter São José enfeitado a gruta onde o Menino Jesus nasceu para embelezá-la, perfumá-la e criar um clima de paz e harmonia.
Em vez do Merry Christmas o nosso Feliz Natal e desejo de um próspero Ano Novo em especial na nossa Camaçari de onde escrevo, apesar do risco do mau exemplo que vingou nos Estados Unidos... Daí a necessária regulamentação das redes sociais.
Angélica Ferraz de Menezes menezesangelicaferraz@gmail.com é jornalista, coordenou pelo Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB) o Projeto Alvorada na microrregião de Barra/São Francisco; coordenou os cursos de Meio Ambiente, Combate à Violencia/ Direitos Humanos e de Gestão Social do Centro de Formação Comunitária do Governo Federal na área do São Francisco; foi coordenadora do Projeto Memória Kirimurê da Oscip Centro de Pesquisas e Ações Socioambientais Kirimurê
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor
12/11/2024