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João Borges no Colunistas: A África e a subtração eurocêntrica


João Borges é artista, filósofo, historiador e Babalorixá

Matemática Ancestral


Mesmo com a insistência da afirmação falaciosa que os africanos não possuíam escrita até o século XVI por parte da Historia oficial do Ocidente. Foram as marcações do osso de Libombo que inauguram o referencial teórico sobre a Historia dos instrumentos matemáticos.


Lebombo está localizada na cordilheira vulcânica situada na província da África do Sul de Limpopo, que se estende até distrito de Moamba em Moçambique. O que salta aos olhos pela idade do registro historiográfico no campo da mitemática.


Registro mais antigo desse tipo de contagem, o osso de Lebombo. O objeto foi utilizado há, aproximadamente, 35.000 a.C. e foi encontrado em 1970, nas montanhas do Reino da Suazilândia. Contém uma sequência de 29 marcas usadas hoje em dia por tribos Bosquímanos Não se tem notícias de um mecanismo de calculo mais antigo que este.


Pensadores da Arqueologia na época imediatamente acreditaram que se tratava de um objeto que servia para contagem de animais.


Existe também a crença de que o osso traz, somente, alguma contagem realizada. Outros creem que os povos da época já se divertiam usando matemática e que o osso seria algum tipo de jogo aritmético. Contudo, em 1972, o jornalista americano Alexander Marshack disse que o bastão seria um calendário lunar ou com uma lógica contagem completamente diferente do padrão de contagem ocidental. 


Não podemos esquecer o osso de Ichango, localizado no Congo fica perto da fronteira com Uganda. Consiste em uma fíbula de babuíno de 10 cm de comprimento, curiosamente possui um pedaço de quartzo em uma das extremidades, para alguns arquélogos representa o poder do conhecimento matemático, para alguns o quartzo serviria para entalhar ou fazer algum tipo de gravação.


Em termos práticos, os intalhos funcionava como uma régua de calculo.


Os ossos de Ichango salta aos olhos porque a ciência ocidental não admitia em hipótese até então, a existência do conceito abstrato de números antes do período neolítico. 


Os povos bantus na sua extensa diversidade possuem jogos com aspecto de ludicidade datado de épocas imemoráveis. O jogo sona, técnica de fazer figuras geométricas e contas, com a ponta dos dedos na areia do povo Tshokwe do nordeste de angola, é um exemplo nítido. O jogo denominado Sona consiste fazer desenho no chão, com conteúdos de máximo divisor comum, minimo divisor comum, ou ate cálculos de análise combinatória articulado com mitos, contos. Outro aspecto do jogo é o de rito de passagens dos rapazes para homens, observasse a extrema didática interdisciplinar africana. Os contadores de Historia Tshokwe são os referenciais teóricos para entender melhor o fenômeno


O sona é uma forma de escrita, um modelo de educação interdisciplinar ensinando leis, designações biológicas, explicação de nomenclatura de acidentes geográficos, matemática e perincipalmente filosofia.


O jogo de mankala ou gebetá a mais antiga evidencia de jogo de tabuleiro originaria da Etiópia.


Aponta-se que os jogos de transferência existem desde o antigo Egito, cerca de 1580 a.C.. Nesses jogos, o objetivo de maneira geral é capturar o maior número de sementes. Há diversas as lendas que os rodeiam. Dentre elas, uma narra que antigos marajás indianos jogavam em tabuleiros decorados e utilizavam pedras preciosas como peças. Outra lenda, diz que uma versão do jogo de mankala, conhecido como gebetá, era jogado na véspera de um enterro para distrair o morto e, após a partida, o tabuleiro era descartado.


Precisamos versar sobre o sistema de numeração binário Ioruba e os versos de Ifá, entretanto pela complexidade isso é um capítulo a parte…


Hoje encontramos uma série de educadores produzindo pesquisas sobre etnomatemática, principalmente oriundas do continente africano, essas produções contemporâneas nos levam uma serei de questionamentos:


Por que para se referir ao legado matemático da África se utiliza o termo etnomatemática? Parece até que os conhecimentos milenares produzidos e produzidos ao longo da Historia são conhecimentos a parte.


Levando em consideração a idade dos conhecimentos matemáticos africanos e sua invisibilidade no ocidente, será que a ciência europeia esqueceu do legado africano?


Poderíamos afirmar que a falta do reconhecimento da ciência, tecnologia, filosofia produzida na África por parte do ocidente é fruto do racismo estrutural?


É necessário fazer uma afirmação. Precisamos de um capítulo taimbé só para tratar sobe epistemicidio!


O osso de Lebombo pode também trazer elementos sobre o problema do preconceito eurocêntrico no que diz respeito a ideia da pan oralidade africana?  Com a palavra os sábios…


João Borges é artista , filosofo, historiador, Babalorixá e doutorando em Difusão do Conhecimento https://instagram.com/joao_borges256?igshid=YmMyMTA2M2Y=https:// www.facebook.com/joao.borges.148


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

02/maio/2025

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