A espera Mudo desde as denúncias do Ministério Público (MP), semana passada, envolvendo a sua secretária de desenvolvimento urbano, Juliana Paes, o alcaide de Camaçari, Antonio Elinaldo segue como se esperasse ‘Godot’. Escrito nos anos 1950 por Samuel Beckett, texto retrata a eterna espera de Vladimir e Estragon. Mesmo sendo escolhido o senhor do caminho de uma cidade, Elinaldo incorpora as dúvidas e incertezas dos personagens criados pelo dramaturgo irlandês quando decide nada decidir.
A espera 2 Insustentável no cargo de titular da Sedur, a doutora Juliana, denunciada pelo MP por formação de quadrilha (Confira), segue agarrada ao posto que já não lhe pertence. Sequer tem condições de se apresentar para seus subalternos para dizer que está sendo injustiçada por um complô de adversários.
A espera 3 Se é inocente, como diz e jura, terá de provar fora do cargo. Diferente do texto de Godot, a sua insistência e a indecisão do alcaide apenas aumenta as dúvidas da população/plateia que assiste essa confusa encenação.
A espera 4 Como reforçou na sua ineficaz e até incriminadora nota distribuída para a imprensa (Confira), sua reação de se manter no posto não fortalece sua verdade. Pelo contrário, robustece as dúvidas e enfraquece o governo municipal que ela tanto diz defender.
A espera 5 Com farta e pesada munição contra a doutora Juliana, seu maridão, conhecido pela desenvoltura com que se movimentava nos gabinetes da Sedur, e mais alguns funcionários integrantes do esquema criminoso de facilitação de licenças para empreendimentos imobiliários no município, denúncia não vem do nada.
A espera 6 Tem a assinatura de José Matos, atual subsecretário da pasta, que até a postagem dessa Coluna seguia oficialmente comandada pela urbanista. Partido de quem partiu, movimento precisa ser explicado. Experiente e conhecedor do mapa eleitoral, ruas e becos de Camaçari, Matos foi vereador e liderou a bancada governista do alcaide Luiz Caetano (PT). Mesmo sem mandato, conta com 1 voto no Legislativo, corporificado pelo seu filho e sucessor Flávio Matos (DEM), seu seguidor e integrante do projeto que resultou na eleição de Elinaldo.
A espera 7 Afinal de contas, o alcaide Elinaldo sabia, ou estava inocente sobre os desejos e posteriormente das denúncias de Matos, feitas ao MP em janeiro. Se sabia, compactuou com a operação. Mas, se foi surpreendido, como a maioria da população, terá de receber explicações convincentes do aliado José Matos. Se é que existem.
A espera 8 O que não é novidade é o desconforto que a doutora Juliana vinha causando na gestão. Em reunião de secretários, realizada no começo do ano passado, a então empoderada titular da Sedur andou falando grosso. Comportamento autoritário chegou a atingir a imagem de chefe do prefeito. Desconforto, ainda segundo fontes da Coluna, teria sido superado em nome do projeto maior.
A espera 9 Como mostrou o Camaçari Agora, sobe para 20 o número de vereadores e suplentes no mandato, envolvidos em irregularidades com repasse de recursos públicos. Eleitos para defender Camaçari, vereadores, segundo denúncias do Ministério Público, acreditam que maioria da população do município também integra o quadro de personagens do texto 'Esperando Godot'.
Certeza Com a doutora Juliana Paes pendurada no cargo de secretária da Sedur, as ações criminosas contra o meio ambiente em Camaçari ganham fôlego. A invasão do Sangradouro, área de preservação vizinha a Aldeia Hippie de Arembepe, só faz crescer.
Certeza 2 Destruição de regiões de rios, lagoas e dunas com sua vegetação singular começou no 2º governo do petista Luiz Caetano, em 2006. Com cerca de 400 invasores com barracos e casas de todos os tamanhos, ocupação irregular passou pela gestão Ademar e segue fortalecida pelas incertezas dos ‘Vladimir’ e dos ‘Estragon’ da Sedur.
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João Leite - joaoleite01@gmail.com (Editor)
15/2/2018