O que falta resolver para um real enfrentamento às mudanças climáticas
O crescimento da extrema-direita e a ainda persistente mentalidade extrativista capitalista preponderante em alguns países ricos levada aos mais pobres têm concorrido para a disseminação do negacionismo quanto às medidas necessárias à adaptação e combate às mudanças climáticas que avançam no globo terrestre por falta de políticas de enfrentamento.
Há também entre os defensores da preservação do meio ambiente um ranço muito grande em simplificar as lutas a bandeiras que não atacam para resolver o todo dos danos causados pela degradação ambiental. Talvez por falta de conhecimento, talvez porque cada circuito se dedica ao seu circuito imbuído de interesses limitados.
Mas nós temos prazo de validade no planeta com a perda da diversidade e a modificação do estilo de vida que ameaçam a saúde dos ecossistemas e dos seres vivos.
Governos de alguns países da América Latina e da África embora sofram a perseguição de forças contrárias aliadas do atraso avançam na compreensão de que não se combatem as desigualdades e a pobreza sem resolver a questão de uma melhor distribuição de renda com projetos sociais e justiça tributária, investimentos maiores em Educação para a Cidadania e Saúde que se estendam resolução de causas do adoecimento.
Precisam arrematar no conceito de cidades sustentáveis a necessidade de preservação do patrimônio natural no contexto de erradicação de epidemias e prevenção de doenças cujas causas envolvem multifatores inclusive ambientais e decorrentes do modo de produção e da qualidade da água, do ar, da alimentação, já constando de estudos quanto aos danos cardiacos, cognitivos, aparecimento de autismo, aumento de casos de diabetes e do câncer, dependentes principalmente do saneamento básico chegar para todos.
Cerca de mais 121 mil óbitos no Brasil em 2024 estão relacionados às doenças respiratórias, segundo o Painel de Monitoramento do Ministério da Saúde.
A grave situação dos rios urbanos e da qualidade do ar é responsável por danos que exigem solução muito além de meros monitoramentos e de termos água potável tratável, Deus sabe até quando.
Jogando a problemática para os municípios, exemplificando, na nossa Região Metropolitana de Salvador, temos um grande rio, o Joanes já em morte anunciada e na sua bacia um Parque Natural das Dunas de Abrantes e Jauá, parte de um todo que segue em cadeia pela orla marítima do litoral norte cada dia mais invadido. Um rico potencial hídrico formado por rio, afluentes, dunas, aquíferos, lagoas, desprezado, indispensável ao equilíbrio climático, desperdiçado.
Entretanto parece que apesar de sabermos a interdependência do conjunto para sobrevivência mútua, os poderes públicos não se movimentam na direção de tirar os esgotos dos rios, de não deixar a especulação imobiliária avançar sobre margens de rios e faixas de areia das praias, de se impedir de soterrar lagoas, suprimir areias de dunas e o que resta da restinga e Mata Atlântica.
Angélica Ferraz de Menezes menezesangelicaferraz@gmail.com é jornalista, coordenou pelo Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB) o Projeto Alvorada na microrregião de Barra/São Francisco; coordenou os cursos de Meio Ambiente, Combate à Violência/ Direitos Humanos e de Gestão Social do Centro de Formação Comunitária do Governo Federal na área do São Francisco; foi coordenadora do Projeto Memória Kirimurê da Oscip Centro de Pesquisas e Ações Socioambientais Kirimurê
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor
06/julho/2025