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José Américo Moreira no Colunistas: Lula e a retribuição do PT


José Américo Moreira da Silva é jornalista, publicitário, baiano radicado em Brasília

Chegou a vez da Bahia emprestar prestígio a Lula


Durante quase duas décadas, a Bahia foi o esteio mais sólido do lulismo no país. Desde 2006, quando Jaques Wagner venceu a máquina carlista e inaugurou a era petista no estado, Lula tornou-se o grande eleitor da política baiana. Nenhum governador se elegeu ou reelegeu sem o seu apoio. Deputados, senadores e prefeitos surfaram no prestígio do ex-metalúrgico. A lógica era simples: Lula puxava votos e a Bahia entregava vitórias.


Mas a conjuntura política de hoje exige uma reviravolta nessa equação. A guerra aberta entre o Congresso Nacional e o Executivo, alimentada pela aliança entre o centrão e a extrema direita bolsonarista, impõe ao presidente Lula derrotas estratégicas semana após semana. Embora os indicadores econômicos mostrem um país em recuperação — com inflação controlada, crescimento do PIB, investimentos em alta e redução do desemprego —, o ambiente político envenenado tem corroído a imagem do governo. E com a imagem do governo, desidrata-se também a popularidade do presidente.


O plano dos adversários é claro: sabotar politicamente Lula, impedir que os avanços econômicos se convertam em prestígio eleitoral e, com isso, abrir caminho para a extrema direita retornar ao poder em 2026. Diante desse cenário, estados que tradicionalmente se beneficiaram da força política do presidente precisam, agora, retribuir. A Bahia está no centro dessa responsabilidade.


O estado que sempre foi locomotiva do voto petista corre o risco de virar um peso eleitoral. A segurança pública vive um colapso, com índices de violência urbana entre os mais altos do Brasil. Na educação, o desempenho no IDEB segue entre os piores do país. E na saúde, a população enfrenta longas filas e estruturas precárias, mesmo com os avanços pontuais conquistados nos últimos anos. Esse tripé problemático (segurança, educação e saúde) mina a confiança da população e alimenta o discurso da oposição.


O governador Jerônimo Rodrigues, eleito em 2022 com apoio decisivo de Lula, ainda não conseguiu se afirmar como liderança política estadual. A gestão patina em comunicação, em entrega e em coesão política. Com isso, a tarefa de reeleger deputados e senadores petistas em 2026 se torna árdua. E mais: o prestígio que vinha de Brasília para reforçar candidaturas na Bahia agora terá que vir do Palácio de Ondina para sustentar a imagem de Lula — numa inversão histórica que expõe as fragilidades da hegemonia petista no estado.


Há também um fator estratégico que precisa ser considerado. Os ex-governadores Jaques Wagner, hoje senador e líder do governo no Senado, e Rui Costa, atual ministro-chefe da Casa Civil, apesar de terem ocupado cargos de enorme visibilidade e importância, não conseguiram transformar seus nomes em expoentes nacionais. Permanecem como lideranças regionais, com atuação limitada no cenário nacional. 


Essa ausência de figuras baianas com peso político de alcance nacional dentro do próprio PT também enfraquece a capacidade de articulação e projeção do estado em nível federal. É um vácuo de liderança que pesa no tabuleiro político de 2026.


Se a Bahia não reagir, o lulismo sofrerá um baque severo. O estado deixou de ser apenas um reduto eleitoral: tornou-se uma vitrine que precisa provar a eficácia de 20 anos de governo progressista. A opinião pública já não é movida apenas por memória afetiva — quer resultados, quer gestão, quer presente.


Lula sempre foi generoso com a Bahia. Agora é a vez de a Bahia retribuir. E isso só será possível se o PT baiano entender que, nestes últimos 18 meses de governo, não há mais espaço para desculpas ou promessas vagas. É hora de fazer as entregas que o povo espera.


José Américo Moreira da Silva zamerico1961@gmail.com é jornalista, publicitário, baiano radicado em Brasília 


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

3/julho/2025

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