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Mais de mil profissionais deixaram o 'Mais Médicos' em 3 meses


Cerca de 15% dos médicos brasileiros que entraram no Mais Médicos após a saída dos cubanos desistiram de participar do programa nos primeiros três meses. Percentual representa cerca de 1 mil médicos que assumiram entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano já deixaram as vagas. Ao todo, 7.120 brasileiros ingressaram nas duas primeiras rodadas de seleção abertas após o fim da participação de Cuba no Mais Médicos. Além desses, a previsão era que outros 1.397 médicos, todos brasileiros formados no exterior, iniciassem atividades até o fim da última semana. O balanço dessas adesões ainda não foi divulgado.


Segundo o ministério, o tempo médio de permanência dos dois primeiros grupos de profissionais variou de uma semana a três meses. Os principais motivos relatados aos municípios para a saída foram a busca por outros locais de trabalho e por cursos de especialização e de residência médica.


Embora desistências já fosse esperadas, o registro de saídas dos médicos em menos de três meses de trabalho preocupa secretários de saúde ouvidos pela Folha. Isso porque, diante da possibilidade anunciada pela nova gestão de mudanças no Mais Médicos, ainda não há data prevista para reposição das vagas.


 Enquanto isso, unidades de saúde encaram novo período sem profissionais. Em Embu-Guaçu, interior de SP, oito vagas do Mais Médicos abertas após a saída dos cubanos não têm médico. Destas, quatro chegaram a ser ocupadas, mas foram alvo de desistências.


Dificuldade semelhante ocorre em Manaquiri, cidade de 22 mil habitantes no Amazonas, onde um posto de saúde que atende cerca de 800 famílias completa dois meses sem médico fixo.


Dados do Ministério da Saúde apontam que o perfil de cidades onde ocorreram as primeiras desistências varia. O perfil com maior volume de saídas é o de cidades com 20% ou mais da população em extrema pobreza —324 desistências, ou 31% do total. Em seguida estão capitais e regiões metropolitanas, com 209 desistências, ou 20%.


Segundo Mauro Junqueira, presidente do Conasems (conselho secretários municipais de saúde), isso ocorre porque boa parte das vagas nas capitais estão em regiões carentes e com altos índices de violência. "Quando se fala em capital [com vagas no Mais Médicos], não estamos falando nos Jardins, em São Paulo, mas em favelas e áreas mais distantes, onde é difícil ficar com essa violência toda.


 


Já Mário Scheffer, professor da Faculdade de Medicina da USP, aponta outro fator: o maior volume de oferta de vagas de trabalho em cidades de maior porte. "Em cidades menores, a desistência pode ser mais relacionada às condições de trabalho e qualidade de vida. Mas quando essas vagas que estão inseridas em redes, em cidades maiores, há uma competição do mercado de trabalho do entorno", diz.


Na visão de Scheffer, o aumento na rotatividade já era esperado diante da saída de médicos cubanos do Mais Médicos. "O que garantia a permanência sem rotatividade era a peculiaridade do contrato dos médicos cubanos, que tinha proibição de exercer a medicina fora do vínculo do Mais Médicos."


Para ele, o novo cenário exige maior rapidez na reposição de vagas para evitar a desassistência. "É preciso haver uma política em que a vaga não fique ociosa por muito tempo", defende ele, que sugere discussão de incentivos à atração de recém-formados como alternativas, além de planos de carreira.

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