Após ser banido do futebol pela Fifa por acusações de suborno e corrupção, e deixar a CBF, no começo de 2018, Marco Polo Del Nero vem se desfazendo aos poucos de seu patrimônio. O cartola de 77 anos repassou sua firma de advocacia em São Paulo para o nome de seu filho, Marco Polo Del Nero Filho, e doou para uma ex-mulher, Márcia Baldrati, um imóvel comprado em 2012 por R$ 1,6 milhão, localizado em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo. O valor de mercado atual do apartamento de 602 metros quadrados supera os R$ 5 milhões, segundo pesquisas em sites especializados.
Com a doação, o patrimônio imobiliário em nome do ex-presidente da confederação sofreu redução de 25%, caindo de R$ 6,6 milhões para R$ 5 milhões. No valor, também estão pequenas propriedades antigas que o ex-dirigente possui divididas com alguns de seus parentes.
Márcia Baldrati foi citada pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, em 2015, como uma das ex-mulheres e ex-namoradas de Del Nero que recebeu doações em dinheiro vivo. Na ocasião, ela levou R$ 85 mil, enquanto outras duas receberam mais R$ 1,2 milhão.
De 2003 até abril de 2015, Del Nero foi presidente da Federação Paulista de Futebol, com um salário de cerca de R$ 50 mil. No comando da CBF, passou a ganhar R$ 200 mil. Desde 2015, quando assumiu a CBF, o dirigente adquiriu dois novos imóveis, ambos no Rio de Janeiro, que custaram, somados, R$ 6,8 milhões.
O primeiro é uma cobertura dúplex e foi parcialmente usado na compra do segundo imóvel, outra cobertura dúplex no mesmo condomínio, com quatro vagas e 362 metros quadrados. Os dois imóveis foram registrados em sociedade entre Del Nero e um de seus filhos, Marco Polo Del Nero Filho, que ficou com 30% dos empreendimentos. O mais caro dos apartamentos teve compra acertada em fevereiro de 2015 por R$ 5,2 milhões. A cobertura fica na Barra da Tijuca, um dos endereços mais cobiçados do Rio, na orla da praia, com forte segurança e parque aquático.
Em abril de 2018, a Câmara de Arbitragem do Comitê de Ética da Fifa considerou Del Nero culpado por suborno e corrupção, oferecer e aceitar presentes e outros benefícios e conflito de interesse. Além da punição, o cartola teve que pagar uma multa de 1 milhão de francos suíços (cerca de R$ 3,5 milhões).
Desde dezembro de 2017, Del Nero estava afastado do cargo em decorrência das acusações de corrupção feitas na Justiça dos Estados Unidos. O cartola foi indiciado por supostamente ter participado de um esquema de recebimento de propina com outros cartolas da América do Sul na venda de direitos de torneios no país e no continente.
Desde então, a CBF é comandada pelo paraense Antônio Carlos Nunes, o coronel Nunes. A partir de maio, quem assume é Rogério Caboclo.
Substituto de José Maria Marin na presidência da CBF, Del Nero foi eleito em abril de 2014 para comandar o futebol brasileiro a partir de abril de 2015. Com apenas um mês no comando, o dirigente optou por não viajar mais para o exterior depois que o FBI começou a prender cartolas envolvidos em esquemas de corrupção, entre eles o ex-presidente Marin. Ainda em dezembro de 2015, foi indiciado pela Justiça dos Estados Unidos, acusado de participar de um esquema de recebimento de propina na venda de direitos de TV de campeonatos na América do Sul.
Banido pela Fifa, Del Nero entrou para a história como o primeiro presidente da CBF a receber a pena máxima da entidade. Em menos de três anos no poder da Confederação Brasileira de Futebol, passou a maior parte do mandato se defendendo de acusações de corrupção. Com informações da Folha de São Paulo