O processo de seleção e promoção das empresas é responsável por 25% da disparidade salarial entre os trabalhadores negros ou pardos e os brancos no Brasil. É o que revela pesquisa inédita desenvolvida por pesquisadores de Columbia, UC Berkeley e Carnegie Mellon. Os números usados são da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) entre 2002 e 2014.
“Separamos trabalhadores entre brancos e não brancos, e 75% da diferença é ligada a fatores como níveis educacionais, experiência ou região de residência. O resto tem a ver com as firmas”, diz Edson Severnini, um dos autores. Ainda segundo o pesquisador “Há dois tipos de vieses: algumas empresas empregam maior proporção de brancos, o que explica 20% da disparidade. Os outros 5% vêm das companhias que pagam menos para não brancos”, afirma.
Quanto maior é a qualificação profissional dos trabalhadores, maior é o descompasso. “A lei proíbe discriminação racial, mas o Judiciário às vezes não enxerga esse desnível de contratações como racismo direto. O marco legal deveria ser atualizado com metas de admissão ou cotas”, afirma Thiago Amparo, da FGV. para a pesquisadora Ana Lúcia Custódio, do Instituto Ethos “as lideranças empresariais precisam admitir que temos um problema. As experiências de ações afirmativas ainda são incipientes”. Com informações da Folha de São Paulo