O ex-presidente Lula completa nesta asegunda-feira (7/5) 30 dias de preso na Polícia Federal de Curitiba, onde cumpre pena de 12 anos e 1 mês de prisão por corruopção e levagem de dinheiro no caso do apartamento triplex do Guarujá (São Paulo). Há um mês, o tranquilo bairro de Santa Cândida, uma área de classe média, está agitado. Um grupo de apoiadores do ex-presidente se reveza na frente do prédio para manter uma vigília constante que, prometem, só acabará quando o petista for solto.
Após o já tradicional "Bom dia, presidente Lula!", sempre às 9h, defensores do ex-presidente iniciam umasérie de atividades. Uma tenda móvel montada na rua recebe shows e discussões políticas. Às 19h, um "boa noite, presidente Lula", amplificado por um microfone e uma caixa de som, marca o fim das atividades.
O objetivo do ato permanente, coordenado pelo PT e organizações como a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Movimento dos Sem-Terra (MST), é mostrar ao ex-presidente —e dar um recado público— de que ele não está isolado. É difícil, entretanto, que Lula consiga escutá-los. Sua cela, no quarto andar, fica nos fundos do prédio e a única janela se abre para um pátio interno. Nestes 15 metros quadrados, o presidente mais popular do Brasil está sozinho. Cumpre sua pena em uma sala especial, por ter sido chefe de Estado. Há uma cama, um banheiro privativo e uma porta normal, ao invés de grades. Uma vez por dia, durante duas horas, ele toma banho de sol em um terraço.
Além de Lula, a sede da PF de Curitiba abriga outros 21 presos no momento. Ela foi pensada para ser um lugar de passagem para detidos geralmente em flagrante. Mas desde o início da Lava Jato, passou a manter de forma mais permanente investigados que negociam delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena. É lá que está, por exemplo, Léo Pinheiro, o executivo da OAS cujo depoimento foi determinante para a prisão do ex-presidente —ele afirmou que o triplex do Guarujá pertencia a Lula. E Antonio Palocci, ex-ministro petista, que deve delatar o antigo chefe em breve. Estar ali é mais confortável do que estar em um presídio comum. "Aqui, ao menos, ele tem alguma dignidade", disse o petista Jaques Wagner, após visitá-lo na última quinta-feira. El País