Estudos recentes sobre efeitos sobre o uso de tecnologia por idosos mostra ajuda significativa a essa faixa da população na preservação e até ampliação das suas funções cognitivas, como memória, velocidade de resposta e raciocínio.
Segundo o professor Mario Miguel, do departamento de fisiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), o contato com a informática provoca, inclusive, aumento no hipocampo, área do cérebro fundamental para a cognição e a memória, segundo estudo publicado em 2016. O pesquisador diz que há duas grandes vertentes hoje em relação ao uso de tecnologia para estimular o cérebro. Uma delas é o de pacotes prontos de aplicativos e softwares para treinar áreas específicas, como cognição, memória episódica, memória operacional, foco e atenção.
Outra vertente é adicionar a tecnologia no dia a dia, não com softwares específicos, mas com aqueles usados para agilizar e ganhar eficiência no cotidiano. “Isso vai garantir autoestima, independência, engajamento social.” O pesquisador explica que os ganhos se dão pela repetição. Sem uso, a perda de neurônios é mais rápida. Quando o uso da tecnologia no dia a dia melhora a qualidade de vida, cria-se um ambiente afetivo positivo, aumenta a adesão do idoso às novas práticas e ele mantém suas faculdades cognitivas. Miguel diz que as duas vertentes são complementares, mas que vêm crescendo entre os cientistas a recomendação de inserir a tecnologia no dia a dia.
“Hoje em dia já sabemos que há sobreposição total entre os circuitos neurais envolvidos em um ato motor complexo e nas tomadas de decisões”, diz ele. Toda vez que se aprende um movimento novo, o cérebro melhora sua capacidade em outros aspectos, incluindo o cognitivo. “No curto prazo, só de aumentar o fluxo sanguíneo para a região do cérebro sob demanda já melhora o desempenho cognitivo. No longo prazo, isso gera plasticidade em todas as áreas”, completa o professor.