E todos morrendo juntos
Destaco aqui, como exemplo ao país em tempo de eleições, a realização recente com excelente repercussão de ato público do grupo Gestão Ambiental na sede da OAB/Camaçari destinado à apresentação de propostas da sociedade civil organizada aos programas de governo de candidatos à Prefeito do município, cuja poluição do ar é três vezes maior do que seria permissível, segundo a Organização Mundial da Saúde.
Todos os cinco candidatos que confirmaram presença compareceram. Camaçari é um grande polo industrial da América Latina e de enormes atrativos ambientais : dunas, lindas praias e vastas matas de uma biodiversidade ímpar. Um território de ricas tradições culturais cobiçado para empreender e atrair moradias que não tem controle da poluição e não faz o ordenamento devido da ocupação do solo. O desmatamento e invasão de terras chegou às áreas de preservação ambiental...
Excesso de água mandada do céu devastando a tudo. No contraponto a água dos rios que secam com suas margens desmatadas, em boa parte aterrados, transformados em canais de esgoto a céu aberto pelo concreto das cidades de ar poluído, sem árvores, praças, jardins e parques, aprisionadas pelo adensamento surreal das celas imobiliárias. Os mares poluídos pelo mesmo esgoto e lixo residencial, por falta de tratamento e coleta adequada, que chegam através das praias em processo de privatização.
De repente o enorme fogo. Incêndios que dizimam árvores, tabas, casas, mata animais queimados vivos a mando de criminosos grileiros. E a culpa é de quem? De políticos eleitos por um povo pobre ainda iludido pelo poder do dinheiro de coronéis proprietários de terra, que as compram até por bagatelas, e de seus fantoches que ocupam com bancadas no Congresso Nacional, nas casas legislativas estaduais e municipais ocupam cargos de governadores e prefeitos inspirados em oportunistas ideologias do apartheid, do racismo escancarado segregacionista de um Hitler demodé que não cabe neste século.
Uma realidade que adoece corpo e alma... Apenas a articulação das forças de viés democrático pode reverter o avanço catastrófico desta tendência que chamamos de extrema-direita patrocinada.
O desafio está agora colocado para reconstituição de direitos civis na urgência urgentissima de formatar um esforço gigantesco contra a ignorância e a violência da ganância.
A mídia televisiva e on-line, canais e plataformas de redes sociais não podem se eximir de participação intensa de resgate da cidadania se impondo sobre os interesses econômicos que extrapolam os limites, conclamados e fiscalizados para a cada momento nos diversos espaços, noticiários, nas novelas, programas, deixarem de normalizar os crimes contra pessoas e o meio ambiente necessário à manutenção da vida no planeta.
O cidadão comum só tomava consciência de que morre a cada segundo junto com as condições de vida no seu universo de moradia quando o bolso esvaziava do "puro" do vil metal, invenção ou não do capiroto, ou ainda não conseguia ter vida saudável com o passar dos anos de forma drástica.
Segundo Pesquisa Cidades Sustentáveis 2024 sobre o que esperam os brasileiros dos prefeitos eleitos para combate às mudanças climáticas revela: 41% querem aumentar e conservar as áreas verdes; 36% querem controlar o desmatamento e a ocupação de áreas de manancial; 26% reduzir a utilização de combustíveis fósseis (gasolina, diesel) no transporte público e na frota da Prefeitura.
Angélica Ferraz de Menezes menezesangelicaferraz@gmail.com é jornalista, coordenou pelo Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB) o Projeto Alvorada na microrregião de Barra/São Francisco; coordenou os cursos de Meio Ambiente, Combate à Violencia/ Direitos Humanos e de Gestão Social do Centro de Formação Comunitária do Governo Federal na área do São Francisco; foi coordenadora do Projeto Memória Kirimurê da Oscip Centro de Pesquisas e Ações Socioambientais Kirimurê.
Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor
20/09/2024