O ex-ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), classifica de "gesto insensato" e de "repulsivo e horrendo ´grito necrófilo`" a recusa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de decretar um lockdown nacional por conta da pandemia da Covid-19. O Palácio do Planalto informou que não irá se manifestar sobre o texto de Mello.
Em texto enviado ara amigos, entre eles, ministros do STF, por Whatsapp, o ex-ministro, diz que o gesto do presidente é "próprio de quem não possui o atributo virtuoso do ´statesmanship`" (estadista) e se caracteriza, "em face de seu inqualificável despreparo político e pessoal", "pela nota constrangedora e negativa reveladora daquela ´obtusidade córnea` de que falava Eça de Queirós".
Ainda segundo Mello, Bolsonaro "tornou-se, com justa razão, o Sumo Sacerdote que desconhece tanto o valor e a primazia da vida quanto o seu dever ético de celebrá-la incondicionalmente!!!".
Aposentado desde outubro do ano passado, Mello afirma que o presidente julga ser "um monarca absolutista ou um contraditório ´monarca presidencial`".
O ex-ministro afirma que a atitude do presidente faz lembrar "o conflito entre Miguel de Unamuno, Reitor da Universidade de Salamanca no início da Guerra Civil espanhola, em 1936, e o General Millán Astray, falangista e seguidor do autocrata Francisco Franco, ´Caudilho de Espanha`”.
Para Mello, as medidas tomadas na cidade paulista de Araraquara são exemplo para o Brasil e seguiram recomendações da Organização Mundial da Saúde e de outros países, "governados por políticos responsáveis que repudiam as insensatas (e destrutivas) teses negacionistas!". CNN