Ritual Depois de ensaiar heresia, ao planejar uma operação clandestina de retirada de corpos no cemitério Jardim da Eternidade, para dar lugar a novos mortos, na sua maioria vítimas da Covid-19, a prefeitura de Camaçari finalmente ressuscitou o bom senso. Segundo apurou o Camaçarico, processo de exumação, como manda a Lei, e os preceitos de respeito aos mortos, deve começar na próxima semana.
Ritual 2 Como mostrou a Coluna (Confira), situação no maior cemitério da cidade vai além da falta de túmulos, hoje com cerca de 40 disponíveis. A relação de trabalho também não é boa. Com carência de pessoal e baixos salários que não ultrapassam os 2 salários mínimos, os cerca de 20 agentes de sepultamento lotados nos 7 cemitérios do município exibem a outra ponta desse processo de descuido.
Ritual 3 Crescendo de forma diferenciada, graças a um aumento incomum da população, gerado pelas oportunidades de emprego no seu polo industrial integrado, Camaçari não para de colecionar números. Não foi diferente com a pandemia que superlotou os cemitérios e agora exige novos espaços, como propõe o vereador Tagner Cerqueira (PT), que defende a criação de um novo cemitério.
Ritual 4 A necessidade existe, mas como vai ser esse processo é mais uma incógnita da Camaçari com seu parque industrial de ponta, mas gerindo e planejando seu crescimento sem o rigor técnico. Tocada pelos últimos governos sem um planejamento global, com o último Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) atualizado há mais de 12 anos, município de 300 mil habitantes não possui estudo atualizado sobre a construção desse tipo de equipamento. Um novo cemitério, com ou sem crematório, vai precisar atender critérios técnicos específicos, como questões ambientais e, a depender desse modelo, sua presença de forma equilibrada e sem impactos na cena urbana da cidade.
Ritual 5 Segundo o Orçamento-2021 do município, despesas anuais com os cemitérios mantidos pela prefeitura é de pouco mais de R$ 1,2 milhão. Nesse mausoléu não entram as despesas de pessoal e outros gastos, como fornecimento de caixões e estrutura de apoio para sepultamentos de carentes.
Invisíveis A assessoria do secretário de saúde de Camaçari garante que o município não tem nenhuma responsabilidade ao deixar os moradores em situação de rua de fora da lista de prioridades na vacinação contra a Covid-19. Sobre a cobrança do Camaçarico (Confira), diz que o município segue roteiro definido pelo chamado comitê intergestor bipartite (CIB), formado pela secretaria de saúde do estado (Sesab) e secretarias de saúde dos municípios.
Invisíveis 2 Taí, uma questão que o doutor Elias Natan, titular da Sesau, deveria abordar na reunião do CIB. Inclusão desse público começa a ganhar agenda e visibilidade em outras cidades do país, como São Paulo, que já imuniza, e Salvador que prepara estratégia para vacinar essa população altamente vulnerável.
Invisíveis 3 Afinal, quem exibe números na economia, com PIB tamanho ´G`, presença política na Grande Salvador, e posicionado como a 4ª maior população do estado, não pode ser mera espectadora. Precisa sugerir, puxar o debate, apresentar soluções e medidas criativas.
Invisíveis 4 Essa necessidade de uma estrutura maior e mais eficiente se reforça com o triste balanço da pandemia, onde Camaçari também aparece em posição de destaque. É o 4º em número de óbitos (438), atrás apenas de Salvador, Feira de Santana e Itabuna. Ainda de acordo com números divulgados na noite de terça-feira (6), pelo governo do estado, município é o 5º em registros de contaminados, com 18.823 casos desde o início da pandemia.
Invisíveis 5 Por falar em números, a Coluna volta a questionar a briga entre as calculadoras do estado (Sesab) e do município (Sesau) na contagem dos números de contaminados, mortos e vacinados. Último balanço da Sesab mostra 89 óbitos e 258 novos casos de contaminados a mais que números apresentados pelo município. Já as listas dos imunizados coincidem no milhar e na centena, mas diferem na dezena.
Imagem O padrão e a unidade na produção da comunicação do governo do alcaide Antonio Elinaldo (Democratas) seguem exibindo sintomas de que algo não está bem. Além do prejuízo maior para a população, com a distribuição de informações sem precisão, descuido acarreta prejuízo para a imagem da própria gestão. A mais recente topada teve como pauta a instalação de rede de internet grátis em praças públicas do município.
Imagem 2 Em um dos textos distribuídos para os veículos de comunicação, o chefe da secretaria de administração (Secad), o ex-prefeito Helder Almeida, aparece como o responsável pela negociação com a companhia de telefonia que assegurou como contrapartida a rede wi-fi grátis. Numa outra nota, com as mesmas informações, postada no site do município e também repassada para os veículos de comunicação, as declarações de Almeida e do próprio alcaide Antonio Elinaldo são deletadas, atribuindo os louros exclusivamente à coordenadoria de tecnologia e informação (CTI), ligada ao secretário de governo (Segov), José Gama.
Imagem 3 Informação checada pelo Camaçari Agora mostra que a presença do doutor Gama, no caso da internet nas praças, não passa de mais um foguetório da estrutura de comunicação do município. Com a comunicação sob seu comando, o titular da Segov não economiza na vaidade e segue dando mal exemplo de falta de medidas e de cuidados com a gestão que deveria zelar.
Fato Hoje, 7 de abril, é Dia do Jornalista. Diante das dificuldades e das pressões contra a liberdade de expressão temos pouco para comemorar. Isso não diminui nosso trabalho. Até fortalece a vontade de festejar, saudar e compartilhar com os colegas que fazem jornalismo, mantêm o compromisso com o leitor, e reconhecem a democracia como vital. Aqui, a luta pela construção de um mundo melhor, não para.
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João Leite Filho joaoleite01@gmail.com (Editor)
7/4/2021