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José Carlos Teixeira no Colunistas: PT e Psol e a disputa na capital


José Carlos Teixeira é jornalista e especialista em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública

Geraldinho ou Kleber Rosa? O dilema do PT para ser de novo do jeito que já foi um dia


 “Nada do que foi será


De novo do jeito que já foi um dia


Tudo passa, tudo sempre passará”


(Como Uma Onda [Zen-surfismo]#mce_temp_url#, de Lulu Santos e Nelson Motta)


A pesquisa do instituto Quaest sobre a sucessão em Salvador, divulgada terça-feira, 27, pela TV Bahia, apontou os holofotes para uma outra disputa eleitoral com potencial para atrair com intensidade a atenção da mídia especializada e, por extensão, dos baianos em geral. Um embate capaz de superar o travado em Feira de Santana, onde dois Zés pelejam duramente (José Ronaldo, o campeão de vitórias na disputa do cargo de prefeito da cidade, com quatro títulos conquistados, e José Neto, o imbatível campeão de derrotas na mesma modalidade, com cinco malogradas tentativas).


Não, meu querido, mas açodado leitor, não se trata de uma disputa pelo direito de sentar na cadeira principal do Palácio Tomé de Souza, sede da prefeitura da capital. O buraco é mais embaixo. Bem mais embaixo, aliás. Até mesmo porque, como antevê a mesma pesquisa Quaest, esse privilégio já estaria reservado por mais quatro anos para o prefeito Bruno Reis. Com 66% das intenções de voto e uma frente de 57 pontos percentuais sobre o segundo colocado, ele deverá continuar na cadeira onde está aboletado desde o dia 1º de janeiro de 2021.


Ao contrário de Feira, onde a briga é travada entre governistas e oposicionistas, em um quadro de aparente equilíbrio – com o governador Jerônimo Rodrigues e uma penca de secretários de estado fazendo um esforço enorme para fazê-la pender para Neto, o Zé de estimação deles –, a grande liça da capital está sendo travada no fim da fila, sem que a vitória de qualquer dos combatentes venha a constituir ameaça à posição do líder Bruno Reis.


Mas, se não há chance alguma de virar o jogo para Geraldo Júnior, do MDB, ou Kleber Rosa, do Psol, de acordo com as projeções que a pesquisa Quaest oferece, o que os move a tal engalfinhamento? Com apenas 9% das intenções de voto, o primeiro, e meros 4%, o segundo, onde ambos querem chegar?


A questão, amável leitora, é que, em política, às vezes mesmo quem perde, ganha. É o caso de Kleber. Mesmo perdendo de lavada a prefeitura para Bruno Reis, como se prevê, ele sairá ganhando – e muito – se passar à frente de Geraldinho. Vai transformar-se imediatamente no principal nome da esquerda baiana, herdeiro de um passado que o PT da Bahia deixou esvair-se depois que conquistou o poder estadual e virou abrigo de políticos das mais diversas tendências e dos mais variados interesses.


Já Geraldo precisa lutar desesperadamente para sair das urnas à frente de Kleber (pela pesquisa, que tem margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, ambos estão tecnicamente empatados), de preferência com um número de votos válidos superior aos 18,86% obtidos em 2020 pela major Denice Santiago, uma policial militar filiada de última hora pelo PT para representá-lo na disputa.


Uma queda de Geraldo Júnior – um novel emedebista saído dois anos atrás do mesmo grupo de Bruno Reis para ser o vice-governador na chapa petista – para o terceiro lugar significará claramente que até mesmo parte do chamado PT raiz, aquele que ainda permanece fiel aos princípios que orientaram a criação do Partido dos Trabalhadores, vazou para o arraial de Kléber Rosa. Um movimento que isola o senador Jaques Wagner e o governador Jerônimo Rodrigues, os líderes que afiançaram a candidatura de Geraldinho, passando por cima das pretensões de postulantes petistas com histórico de militância e posições à esquerda.


Enfim, mais que antes, mais que tudo, o PT precisa carrear votos para a sacola de Geraldinho para não passar pelo vexame de ver a esquerda escapar-lhe por entre os dedos das mãos cada vez mais abertas pelo fascínio do exercício do poder estadual. Certo é que, após a eleição, o partido terá que fazer uma rigorosa autocrítica, purificando-se para ter condições de apresentar-se na eleição de 2026 como uma força política de esquerda. Ou então assumir-se clara e plenamente como a geleia geral em que se converteu nos últimos anos.


José Carlos Teixeira   zecarlosteixeira@uol.com.br é jornalista, formado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela Universidade Católica do Salvador


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

30/08/2024

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