Mesmo sem produzir carros no Brasil, desde janeiro do ano passado, quando fechou sua linha de montagem, a Ford continua lucrando no país e prevê faturar R$ 500 milhões neste ano. O novo nicho de mercado é a exportação de engenharia. O centro de tecnologia da montadora americana tem participado do desenvolvimento de carros e o uso de novas tecnologias como a eletrificação, direção autônoma e conectividade e design. centro também tem desenvolvido estudos para a aplicação de materiais mais leves nos automóveis.
No centro com engenheiros e especialistas no complexo do Senai Cimatec, em Camaçari (BA), 85% dos cerca de 1,5 mil funcionários da área de engenharia estão atuando em projetos globais. Marca americana chegou a ter cerca de 4 mil empregados durante sua fase de produção de veículos no município. Centro é um dos 9 espalhados pelo mundo.
"Estamos exportando esses serviços e trazendo divisas para o Brasil e receita para o nosso negócio na região. A expectativa é continuar expandindo, pois a demanda continua crescendo", afirmou ao jornal O Estado de São Paulo, Daniel Justo, presidente da Ford na América do Sul.
Um terço das funcionalidades dos carros produzidos pela Ford no mundo, como iluminação, travamento de portas e climatização nos carros, passa por engenheiros da montadora no Brasil, que antes se dedicavam basicamente aos projetos locais. A maioria dos projetos estão sendo desenvolvidos para os Estados Unidos e a China, os dois maiores mercados mundiais de veículos.
Segundo Rogélio Golfarb, vice-presidente da Ford, diferente dos automóveis produzidos no Brasil, que não conseguem competir com os globais, os serviços de engenharia são competitivos e a demanda por esse tipo de trabalho vem crescendo. "Há falta global de profissionais nessa área", diz.
O centro vai além do desenvolvimento e tem também uma área de pesquisa com patentes já registradas, como a de grafeno, elemento mineral que é misturado com aço e outras ligas e tem apresentado bons resultados na redução do peso dos automóveis. Unidade de Camaçari faz parte do pacote de investimentos de US$ 50 bilhões, previstos até 2026, para o desenvilvimento de carros elétricos. Com informações do Estadão