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Angélica Ferraz no Colunistas: Caetano e a promessa da secretaria


Angélica Ferraz de Menezes é jornalista com larga experiência com a questão ambiental

Ambientalismo, cidade e a sustentabilidade esquecida em Camaçari 


O Brasil tem cerca de 87% da sua população vivendo em cidades e pequenos núcleos urbanos, carentes em grande parte de serviços de coleta de lixo e esgotamento sanitário que evitem a contaminação dos recursos hídricos, do ar e do solo. 


A degradação dos seus patrimônios naturais neste cenário é inevitável e acelerada ainda pelo crime de queimadas criminosas em áreas de preservação invadidas ou licenciadas para atender aos interesses imobiliários diversos  num país em que 16 milhões queimam o lixo  urbano e do campo.


O desmatamento para construir e plantar exaure toda uma lógica em defesa do planeta e do enfrentamento global às mudanças climáticas, sobretudo pela não obediência aos limites impostos em lei.


Cidades baianas como Camaçari que cresceu até 2024 sem o planejamento requerido fugindo à tendência de quintal da grande metrópole Salvador não  poderia deixar de apresentar graves distorções de adensamento de moradias e irregularidades não compreensíveis na ocupação e uso do solo.  


Neste contexto possível de se reverter e superar erros, não funcionam devido a interferências políticas  as representações que deveriam fiscalizar licenças ambientais e casos omissos na legislação, como o Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) e o Conselho Municipal de Cidade (Concidade) colegiados a integrarem a estrutura da SEDUR, por aqui a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente).


A SEDUR que os ambientalistas propõem seja desmembrada para melhor eficiência da máquina administrativa de Camaçari para tocar sua estratégia em tão importante área restrita hoje a uma pequena divisão de coordenadoria de planejamento de ações na área ambiental.


Enquanto não se fala em criação de uma unidade própria bem dotada de pessoal técnico e com ampla atuação independente mas articulada com os diversos setores da Prefeitura, sequer se tem ainda em mente o quanto seria importante botar para existir de fato e ser útil à causa o Fundo Municipal de Meio Ambiente. Recursos seriam muito bem-vindos captados para revitalização de rios e recuperação de áreas indevidamente desmatadas com ações de reflorestamento principalmente no entorno dos nossos rios a saber Joanes, Camaçari,  Capivara e Jacuípe bastante contaminados ou por lançamento de esgotos ou lixo pela tentativa de avanço sobre suas áreas de conservação rígida. Lagoas no município são incorporadas aos projetos de grandes empreendimentos. Mas em todo o Brasil é grande a mobilização contrária a isso e à privatização das praias. 


A educação ambiental não chega ao município em escolas, igrejas e comunidades. A cidade que avança pela orla não conta com a mobilização de ribeirinhos e outros cidadãos para conquistarem qualidade de vida satisfatória no que tange a conquista de serviços de infraestrutura capaz de fazer chegar aos domicílios a coleta e o esgotamento sanitário que alcancem um  Índice Médio de Desenvolvimento Humano preenchendo os requisitos básicos das metas estabelecidas pela ONU para o milênio conforme dados do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).


Muito embora sejam visíveis o crescimento da Economia, o combate à pobreza, diminuição significativo do desemprego aumento do poder aquisitivo das camadas médias e carentes sob o governo Lula resultantes de políticas públicas acertadas. Entende-se que o universo que configura cidades e núcleos de moradias, vilas e vilarejos,  é amplo e o ambientalismo não é destarte das condições de urbanização, planejamento e do total das  condições da qualidade de vida devido a dependência de sobrevivência das áreas de conservação com seus recursos hídricos e florestais, da formatação do modo coletivo de ocupar o solo,  da produção de alimentos e víveres e produtos da industrialização fora dos perímetros urbanos.


Estamos sempre limpando as ruas da cidade em seu conglomerado urbano que serão sujas de todo o modo no momento seguinte por falta de formação de uma consciência coletiva e de reaproveitamento do lixo reciclável pela indústria mediante o estímulo ao cooperativismo. 


Praças precisam ser repensadas, precisamos cada vez mais de uma cidade inteligente nos quesitos mobilidade que não tire o foco da sustentabilidade com ruas arborizadas menos permeabilizadas pelo concreto. Camaçari tem necessidade de uma Secretaria de Meio Ambiente sim, antenada com os novos tempos. 


Para tanto e melhor desempenho contando com a revisão do Plano Diretor de Diretrizes do Desenvolvimento Urbano (PDDU) prometida pelo atual gestor Luiz Caetano.


Angélica Ferraz de Menezes  menezesangelicaferraz@gmail.com é  jornalista, coordenou pelo Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB) o Projeto Alvorada na microrregião de Barra/São Francisco; coordenou os cursos de Meio Ambiente, Combate à Violencia/ Direitos Humanos e de Gestão Social do Centro de Formação Comunitária do Governo Federal na área do São Francisco; foi coordenadora do Projeto Memória Kirimurê da Oscip Centro de Pesquisas e Ações Socioambientais Kirimurê


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

07/02/2025

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