Camaçarico 19 de dezembro 2022
Réquiem Sem dinheiro para fechar as despesas de 2022, último ano do seu mandato na presidência do Legislativo de Camaçari, o vereador Junior Borges (União) vai ter que recorrer ao alcaide e correligionário Antonio Elinaldo. Segundo apurou a Coluna, ajudinha estimada em cerca de R$ 5 milhões, precisa chegar antes dos fogos do dia 31.
Réquiem 2 Sem o help do alcaide, Borges deixaria um buraco para o sucessor, o companheiro de legenda Flávio Matos. Além da imagem negativa, seria canetado pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) por não honrar as despesas que precisam ser cumpridas dentro da sua gestão.
Réquiem 3 No jogo do poder, Borges até que tentou fazer pressão. Segurou a votação das contas 2020 da prefeitura e o orçamento de 2023. Desgastado politicamente e ciente de que a condenação pelo TCM implicaria na sua inelegibilidade, só restou o recuo. Para não ampliar ainda mais sua pontuação negativa na caderneta do alcaide, pautou as proposições, aprovadas de forma acelerada em duas reuniões extraordinárias, na quinta-feira (15), mesmo dia da sessão que elegeu a nova mesa e finalizou os trabalhos legislativos de 2022.
Réquiem 4 Sem esse dinheiro, Borges não apenas deixa de cumprir a lei que exige fechamento das contas. Quebra uma regra mantida pelos antecessores, todos efetuando o pagamento do 13º salário dos servidores do Legislativo até dia 10 de dezembro. Com a ajudinha de Elinaldo, a expectativa é de que o salário de dezembro seja pago até a chegada do papai noel.
Réquiem 5 Descontrole nos gastos leva o presidente Junior Borges a outra marca negativa. É o primeiro dos últimos 8 presidentes a não fechar as contas. Estão na lista dos que nem devolveram dinheiro, muito menos pediram ajudinha ao alcaide de plantão nos últimos 17 anos, os presidentes Bira Coroa, do PT (2005/2006); Luiza Maia, PT, (2007/2008 e 2009/2010); Zé de Elísio, PTdoB (2011/2012); Téo Ribeiro, PT (2013/2014); José Marcelino, PT (2015/2016); Oziel Araújo, PSDB (2017/2018); e Jorge Curvelo, União (2019/2020).
Réquiem 6 Agora é aguardar a gestão do presidente Flávio Matos para, em nome da transparência, clarear esses gastos e os motivos de Borges não ter conseguido fechar as contas, apesar do orçamento deste ano somar mais de 72 milhões.
Requiém 7 Mesmo com a ajudinha do alcaide, que também não anda com as contas fechando como deveria, ano de 2023 não será de facilidades e holofotes para Borges. Segundo apurou a Coluna, o quase ex-presidente do Legislativo não deve ser aproveitado no primeiro escalão do governo Elinaldo. Sem secretaria e acostumado com a pompa do poder, vai tentar assegurar a liderança do governo na Câmara, única alternativa para driblar a desconfortável sensação de ser um simples vereador sem caneta e com assento na bancada lateral do plenário.
Réquiem 8 Alternativa, ainda não descartada, segundo avaliam figuras graúdas da política paroquial dos dois lados, é esperar a virada do ano e se aproximar da órbita do governo do petista Jerônimo. Entraria na cota do vice-governador e amigo, o atual presidente do Legislativo de Salvador, até dia 31, Geraldo Junior (MDB). Geraldinho tentou levar Borges, ainda durante a campanha. Vai não vai, como mostrou o Camaçarico (Confira), terminou empurrando Borges para o purgatório.
Expectativa O vereador Flávio Matos (União) assume em janeiro o comando do Legislativo de Camaçari. Com perfil aguerrido e defensor intransigente do governo do alcaide Elinaldo, Matos vai precisar mudar a vestimenta e assumir a roupa do equilíbrio como cabeça do Legislativo.
Expectativa 2 Os discursos duros e os embates com os adversários vão ter que dar lugar ao presidente de todos, defensor do Legislativo e da sua independência. Na nova missão vai precisar viabilizar o funcionamento da Casa, como manda a lei, facilitando inclusive o poder de crítica e sugestões de mudanças nos rumos na gestão defendidas por seus pares.
Expectativa 3 Não faltam exemplos de presidentes que acreditando no seu poder de onisciência, onipresença e onipotência se isolam com seu séquito inexperiente e terminam seguindo o caminho do buraco na política.
Expectativa 4 Nesse caminho de construção e distanciamento do isolamento burro, Flávio Matos não pode abrir mão de aula externa, apesar do guia próximo e de total confiança, o pai e vereador por 4 mandatos, José Matos. Nesse jogo complexo, ainda mais cheio de elementos, quando se soma seu desejo de ser o candidato a prefeito do grupo na disputa de 2024, o aconselhamento de correligionários mais experientes será fundamental para errar menos.
Expectativa 5 Para se viabilizar como o candidato de Elinaldo do grupo, na disputa municipal de 2024, Flávio Matos vai precisar de muito jogo de cintura e ações efetivas que cacifem seu nome como a melhor alternativa. Não dá para negar que o comando de um orçamento, que ultrapassa os R$ 150 milhões nos próximos 24 meses, será uma grande ajuda.
João Leite Filho joaoleite01@gmail.com – Editor
19/12/2022 Fechamento: 19h22
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