Sem concorrência e com lances mínimos, a Petrobras arrematou duas das quatro áreas oferecidas pelo governo no megaleilão do pré-sal nesta quarta (6). Na maior delas, teve parceria com as estatais chinesas CNOOC e CNODC. As outras duas áreas, a Sépia e Atapu, não tiveram interessados, frustrando a previsão de arrecadação, que nas perspectivas mais otimistas chegaram a R$ 106 bilhões. Ao fim do leilão, o valor arrecadado ficou em R$ 69,9 bilhões. Ainda assim, o governo considerou o resultado um sucesso.
O consórcio formado por Petrobras e pelos chineses pagará R$ 68,2 bilhões pelo direito de explorar a área de Búzios, a maior descoberta de petróleo do país. As empresas ofereceram o lance mínimo de 23,24% em óleo para o governo. Nos leilões de pré-sal, o bônus de assinatura é fixo e a disputa se dá pela oferta de petróleo ao governo durante a vida útil dos contratos.
A Petrobras será responsável por quase todo o valor arrecadado. Os chineses que, têm 10% do consórcio vencedor em Búzios, contribuirão com R$ 6,8 bilhões.
Em entrevista após o leilão, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse estar feliz com o resultado e minimizou a queda das ações, afirmando que a empresa tem condições de realizar o investimento sem aumentar sua dívida.
A Petrobras, que já tem direito a produzir na área de Búzios, tem 90% do consórcio vencedor. As duas chinesas dividem igualmente os 10% restantes. Isso significa que a estatal pagará 90% do bônus. Eles se comprometeram a entregar ao governo 23,24%, o mínimo estabelecido no edital.
Localizada na Bacia de Santos, Búzios é considerada a maior descoberta brasileira de petróleo, com reservas que podem chegar a 13 bilhões de barris, quase o mesmo volume que o Brasil tem hoje em reservas provadas.
A área já tem quatro plataformas em operação e produziu, em setembro, 406 mil barris de petróleo por dia. Foi a segunda maior produtora do país, atrás apenas de Lula, também na Bacia de Santos.
A falta de interessados em duas áreas reduz os valores que o governo dividirá com estados e municípios, Dos cerca de R$ 70 bilhões, R$ 34,2 bilhões serão repassados à Petrobras como ressarcimento por mudanças no preço do petróleo após a assinatura do contrato de cessão onerosa.
A União ficará com R$ 23 bilhões e estados e municípios dividirão, cada grupo, R$ 5,3 bilhões. Localizado em frente às reservas, o Rio terá R$ 1,1 bilhão.
Presente ao evento, o presidente da Shell Brasil, André Araújo, disse que a empresa considerou as áreas caras. "A companhia tem uma disciplina de capital muito grande", afirmou. Ele não descartou, porém, participação em leilão nesta quinta (7), quando o governo oferece cinco áreas exploratórias no pré-sal, com bônus acumulado de R$ 7,85 bilhões. "Amanhã é amanhã. É um novo dia, são novos blocos."
Nesta quinta (7), o governo realiza novo leilão do pré-sal, com a oferta de cinco áreas exploratórias com bônus de assinatura total de R$ 7,85 bilhões. Há um mês, em leilão de áreas fora do pré-sal, o governo arrecadou R$ 8,9 bilhões, recorde para este tipo de leilão no país. Folha de São Paulo