Último ano do 1º governo Tude (1992). A política fervilhava em Camaçari. Ellery costurava sua volta ao poder, desta vez pelo voto direto nas eleições de 3 de outubro. Queria e precisava incluir na sua biografia os braços do povo. Nos 11 anos de poder biônico, o máximo que conseguiu foi temperar o gosto do eleitorado com a tinta da caneta.
Incapaz de desagradar um aliado sequer, quando governou os destinos da cidade (1974/1984), “Dr. Humberto”, como até hoje é chamado, já sob o guarda-chuva do PMDB, formou junto com o PSB e o PV, o “Movimento Mãos Dadas”. O arco, logo ganhou o “apoio crítico’ do PT e do PCdoB. A mistura parecia indigesta, mas o ex-carlista era o único ingrediente capaz de completar um cardápio possível para derrotar a cozinha de ACM no município.
Reuniões não faltavam. Conversas, discussões e todo tipo de estratégia. Num desses encontros bafejados pela brisa salitrosa do restaurante/pousada de Missival, em Arembepe, surgiu a idéia de um almoço para arrecadação de fundos para a campanha. O cardápio tinha que ser barato, prático e capaz de render um dinheirinho. Feijoada, dobradinha, caruru, mariscada...
Em meio a salada de propostas, Zitomir Souza, representante do PSB de Salvador, mas com atuação em Camaçari, sugeriu estrogonofe de frango. O espanto foi geral. Arlindo Santana, o mestre Lindú, na época presidente regional do PSB, pede a palavra e pergunta: “Perdoem a minha ignorância. Que porra é estrogonofe?”.
Raimundo Pinheiro, diretor da Limpec no governo Caetano, sempre falando o que achava, reprovou a sugestão de Zitomir. Gesticulando as mãos, bem ao seu estilo ´bateu, levou`, disparou. “É um ensopadinho de galinha metido a besta”. A sugestão não só foi rejeitada, como o estrogonofe nunca mais participou de nenhuma campanha em Camaçari.
João Leite Filho joaoleite01@gmail.com (Editor) |