Estamos em temporada de pré-campanha eleitoral para os municípios brasileiros. Campanha essa aguardada com grandes expectativas diante da polarização e acirramento de conflitos ideológicos, propagação de desqualificação de grupos e pessoas, ausência de uma proposta de desenvolvimento que crie a esperança de soluções para enfrentar o desemprego, melhoria da prestação dos serviços básicos essenciais a exemplo da saúde, saneamento, educação, mobilidade urbana, segurança, esporte, habitação e lazer.
O que se presencia é estimulo ao conflito de classe, a concentração de renda, desrespeito à cultura, devastação do meio ambiente e desigualdade social. Esse cenário vem a provocar instabilidade emocional na população, aumento da violência, convulsão social.
Minha avó costumava dizer que as pessoas que possuem aranhões no joelho e cicatrizes na canela, tiveram uma infância e juventude bem agitada. São marcas de queda da bicicleta, patinete ou carro de rolimã, ferimento em partida de futebol ou corrida pelos matos atrás de caça assim queda de arvore. Isso para ela representava um acumulo de experiências que ajuda na formação do caráter, do intelecto e capacita para conviver com o processo de competição, emoção e com o risco.
Grato por esse e outros ensinamento da saudosa velha me contento em observar as dificuldades que os políticos de Camaçari têm para transmitir o sentimento de emoção (com raras exceções) em suas falas para o grande público e nos contatos individuais.
O cenário desenha uma disputa pelo poder executivo a se concentrar entre o atual prefeito Antônio Elinaldo (DEM) e a possível candidata do PT Ivoneide, com as pesquisas de opinião apontando vantagens para o prefeito. Tudo indica que não haverá defecção nos azuis e que possivelmente haverá previa interna para que se consolide a pretensão da candidata do PT tendo a mesmo que enfrentar descontentamentos por parte de seguimentos e militantes do Partido dos Trabalhadores, principalmente os atuais edis que podem optar apenas para assegurar seus mandatos.
Resta, no entanto, se observar as articulações que estão se efetivando por parte da candidatura de Sócrates Magno, pelo PSOL que busca atrair o PSTU, PCdoB, descontentes do PT e os filiados aos partidos insatisfeitos com a administração de Elinaldo. Sócrates poderá se constituir o fiel da balança nesse pleito.
Os estudiosos, técnicos e curiosos que acompanham o andamento do processo são unanimes ao observar a ausência de propostas e a falta de capacidade de mobilização da população. Os candidatos não apresentam um discurso que mexa com os sentimentos dos eleitores, tão pouco, empolgam e estimulam a militância com base em um proposito a não ser uma oportunidade para ocupar um cargo público.
Elinaldo tem dificuldade em se dirigir ao público assim como de efetivar um corpo-a-corpo com o eleitor. Os encontros são corridos, sem calor humano e os discursos são vazios em relação a projeção para o futuro de uma cidade estratégica na Região Metropolitana.
Ivoneide está ampliando os espaços com as dificuldades naturais de quem viveu a parte da militância política, mas em ritmo muito aquém do necessário para suprir a empolgação dos discursos de Caetano a quem procura a similitude sendo atropelada pela ansiedade e aparente insegurança.
Vamos aguardar mais um poco até que eles (os candidatos) possam expor os arranhões do joelho e as cicatrizes na canela. Quem viver verá.
Adelmo Borges adelmobs@terra.com.br é dirigente do Rede Sustentabilidade de Camaçari
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