O número de professores concursados nas redes estaduais de ensino caiu ao menor patamar em dez anos, enqaunto que o a entrada de temporários cresceu entre 2013 e 2023. De acordo com levantamento realizado pelo Todos pela Educação, as redes tinham no ano passado 356 mil temporários (alta de 55% em uma década), contra 321 mil professores efetivos (queda de 36% no mesmo período). Em 2022, os docentes contratados também superaram o de concursados nas redes estaduais.
O estudo mostra que cerca de 43,6% dos temporários atuam há pelo menos 11 anos como professor, o que mostra que esse tipo de contratação tem sido utilizada também para compor o corpo docente fixo de algumas redes de ensino e não apenas para suprir uma demanda pontual.
Ainda segundo o levantamento, o número de professores temporários e efetivos muda de acordo com cada estado do país. Em 2023, 15 estados tinham mais professores temporários do que efetivos e, ao longo da década, 16 UFs aumentaram o número de professores temporários e diminuíram o quadro de concursados.
Entre 2020 e 2023, tivemos um acréscimo de quase 30 mil profissionais no corpo docente das redes estaduais. Ainda assim, durante uma década, o número geral de professores teve redução de 57 mil docentes – movimento alinhado com a diminuição de matrículas da Educação Básica (por conta da dinâmica demográfica brasileira, aumento das taxas de aprovação e redução da evasão escolar).
“A contratação de professores temporários é um elemento importante para garantir que as redes de ensino consigam compor o seu quadro completo de docentes, assegurando que os estudantes tenham aulas de todas as disciplinas. No entanto, esse tipo de contratação deveria ser uma exceção, a ser utilizada em casos específicos previstos na legislação, mas o que vemos é que ela tem se tornado a regra nas redes estaduais de ensino", avalia Ivan Gontijo, gerente de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação.
Ainda segundo o especialista, esse aumento pode trazer impactos negativos para a educação, em especial quando se observa que em muitas redes é baixa a qualidade das políticas de seleção, alocação, remuneração e formação para esses profissionais.
O levantamento também discute os potenciais impactos que o regime temporário pode ter na educação brasileira. Foi feito análise com base nos dados do Saeb, onde aponta para uma correlação entre a contratação temporária e uma menor proficiência dos alunos nessa avaliação, tanto na disciplina de Língua Portuguesa quanto em Matemática, mesmo levando em consideração fatores como o nível socioeconômico.