O combate ao contrabando teve o maior resultado dos últimos anos graças à pandemia e ao câmbio. Em 2020, o consumo de cigarros ilegais registrou a primeira retração em seis anos – e essa queda foi mais forte do que a da demanda em geral. Assim, a fatia ilegal do mercado caiu para 49% do total, ante 57% no ano anterior. Antes da pandemia, a expectativa era que esse patamar chegasse a 60% no ano passado.
Atualmente, 9,8% da população brasileira se declara fumante, o que representa cerca de 20 milhões de pessoas. Segundo pesquisa da Fiocruz, 34% dos fumantes brasileiros declararam ter aumentado o consumo de cigarro durante a pandemia. Este crescimento, ainda de acordo com o estudo, está associado à deterioração da saúde mental dos tabagistas, com piora de quadros de depressão , ansiedade e insônia.
Os dados fazem parte de um levantamento do Ibope Inteligência/Ipec, a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). Foram realizadas entrevistas presenciais com 9 mil fumantes pelo País – o tipo de cigarro dos respondentes é checado no local pelos entrevistadores.
Além do fechamento do comércio e da restrição à circulação, a inversão da tendência também é atribuída ao câmbio, já que a maior parte do produto ilegal é oriunda do Paraguai. Segundo o Etco, com o dólar mais alto, o custo médio subiu de R$ 3,44 para R$ 4,44, mais próximo do cigarro nacional, cujo preço mínimo de venda é definido por lei em R$ 5.
O levantamento mostrou que os fumantes consumiram 109 bilhões de cigarros no ano passado, volume 1,5% menor do que em 2019. O Etco estima um ganho de arrecadação de R$ 1,7 bilhão com a redução da fatia ilegal em 2020. Estadão