Dados oficiais do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (7), apontam que em abril de 2021 a Amazônia registrou o maior índice de alertas de destruição para o mês, desde 2015 quando o Inpe começou a monitorar a região com o satélite Deter B. O desmatamento cresceu 42% em abril, em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 581 km² até o dia 29, contra 407 km² em abril de 2020.
A organização Observatório do Clima chama a atenção para o fato de que 26% da Amazônia estava coberta de nuvens no período, ficando, assim, invisível ao satélite. É o maior porcentual de nuvens para o mês na série iniciada em 2015. Isso significa que há grande chance de a área ser ainda maior.
Os dados apontam que, na prática, perdeu-se 58 mil hectares de floresta, o equivalente a cerca de 58 mil campos de futebol, em apenas um mês. “A estação seca na maior parte da Amazônia começa em maio e a partir de junho, a tendência da devastação será consolidada. Neste momento não é possível afirmar o que acontecerá, mas pode ser que em 2021 ocorra uma inédita quarta alta consecutiva do desmatamento. Os próximos meses dirão”, alerta o Observatório do Clima.
A preocupação geral é de que o País volte a registrar catástrofes como as ocorridas em 2019 na Amazônia e em 2020 no Pantanal. Duas semanas atrás, depois de o presidente Jair Bolsonaro afirmar que iria dobrar os recursos de fiscalização do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o governo fez exatamente o oposto, cortando aquilo que já estava previsto no orçamento dos órgãos por meio de vetos. Horas depois, o ministro do Meio Ambiente (MMA), Ricardo Salles, afirmou que chegou a um acordo com o Ministério de Economia para repor os orçamentos dos dois órgãos aos valores de 2021 e ampliar os repasses da fiscalização, conforme prometido. Segundo Salles, serão adicionados 270 milhões aos órgãos. Nesta semana, foi anunciada a contratação temporária de 1,6 mil profissionais para atuarem no apoio às operações.
Em abril, teve fim a participação dos militares na floresta, ação que foi liderada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, por meio da operação Verde Brasil 2. Hoje, Ibama e ICMBio vivem séries restrições financeiras para executarem seus serviços básicos. O sistema de autuação por crimes ambientais também está paralisado, após Ricardo Salles impor novas regras que, ndestruição da florestatica, impossibilitaram que o trabalho seja executado em campo.
Questionado pela reportagem sobre os índices de desmatamento, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, delegou a responsabilidade pelo controle ao vice-presidente Hamilton Mourão, alegando que, até abril, ainda estava em vigor a chamada Garantia de Lei de da Ordem (GLO), que enviou militares à Amazônia para apoiar o combate ao desmatamento.