Todos sabemos que o tempo passa rápido e os camaçarienses mais vividos testemunharam a transformação dessa terra, durante exatos quarenta anos, de destino veranista da Região Metropolitana de Salvador com piscinas de água naturalmente limpas e praias paradisíacas, em Polo Petroquímico do Nordeste.
Camaçari mudou muito nesse período, sua população aumentou explosivamente, sua renda passou a ser destaque entre os municípios brasileiros e bairros brotaram em todas as áreas de seu território. Assim, de terra em que todo mundo sabia o nome do vizinho, Camaçari virou uma das quatro maiores Cidades da Bahia.
Mas, de que maneira moradores de diferentes bairros de Camaçari como Caminho do Mar, Parque Verde, Nova Abrantes, ou Santo Antônio, enxergam Camaçari hoje? Certamente como um Município grande, porém dividido em territórios que pouco se interligam, em que ainda faltam as vias necessárias para aproximar suas partes tão distantes, em que não se tem um transporte público que atenda bem ao povo, que vive uma rotina de dificuldade de acesso à saúde e com uma educação limitada. Além disso, veem sua cultura desrespeitada, os esportistas órfãos e seu meio ambiente sendo diariamente agredido. E principalmente, enxergam uma um dia-a-dia em que falta a paz.
Vale lembrar um ditado popular que diz “quem tem sua dor é que geme”. Por isso, é tão estranho ver a vida de quem escolheu morar em Camaçari ou nasceu aqui ser conduzida tantas vezes por uma gente que não respira o ar poluído pelas industrias à noite ou mesmo não passa a decepção de não poder deixar o filho mergulhar nas águas mornas da Praia de Jauá por estar contaminada e impropria para o banho. Se não escolhem Camaçari para ser sua Cidade, o que tanto querem com nossa Terra?
A resposta não é difícil. Mas prefiro chamar a atenção para a espinha dorsal do verdadeiro desenvolvimento social que é a participação popular na construção de ações públicas para melhorar a Cidade, pois se trata de definir caminhos através daqueles que são verdadeiramente comprometidos com Camaçari, aqueles que convivem aqui.
E se o Orçamento Participativo, ontem realidade, agora é uma organização tão distante da atual forma de dirigir a Cidade, lembremos da importância cada vez maior das associações comunitárias para fortalecer ações e pedidos do povo, da interação com os meios de comunicação da Cidade e especialmente das redes sociais como caminho instantâneo para se dar publicidade às necessidades da população.
O fato é que deixar o presente e o futuro de Camaçari nas mãos das autoridades eleitas e das nomeadas não é um caminho natural, é na verdade um erro de condução, pois o direito de ser cidadão está além do momento das eleições e se destaca também que quem faz a Cidade pulsar são os cerca de 300 mil habitantes que a constroem todo dia.
Assim, quando a pergunta for “Camaçari, para onde”? Se deve voltar a atenção para o homem, a mulher, a criança e o velho “camaçarienses” a fim de ouvir suas respostas, pois somente estes, legitimados por andar, respirar e viver os dias e as noites da Camaçari real saberão dar as respostas certas.
Por isso, caminhando para finalizar a segunda década dos anos dois mil, precisamos, mais que nunca, conversar sobre essa Cidade que chamamos de nossa.
Eu sou a Professora Patrícia Oliveira, ex-vereadora, munícipe, militante petista e a partir de agora, também estarei nesse novo espaço de debate de ideias como colunista do Camaçari Agora.
Patrícia Oliveira professora.patricia_oliveira@hotmail.com é educadora da rede municipal de Camaçari, mestranda, ex-vereadora e filiada ao PT |