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Jolivaldo Freitas


O velho golpe da lavagem verde



Uma pesquisa recente feita pela Nielsen mostra que quase metade dos consumidores brasileiros está disposta a pagar um pouco mais caro por produtos que não agridam o meio-ambiente, o que revela estar boa parcela da população consciente dos problemas que o mundo enfrenta com tudo que é tipo de prática, lixo e resíduos. Mas, na esteira dessa propensão, o que se vê Brasil afora é a ação de “espertos”. Empresas estão fazendo o consumidor de bobo, vendendo gato por lebre.


Centenas de produtos ou serviços, que você consome pagando mais, por achar que está protegendo o planeta, por que trazem em sua embalagem a imagem de uma plantinha ou de um planeta Terra azulado e verde, na verdade embutem mentira deslavada, que é o que se chama de Greenwashing ou seja: “lavagem verde”. São artigos, digamos, fakes. As empresas aproveitam as brechas nas legislações ou usam eufemismos, ou atuam no ramo da maquiagem. Maquiam e induzem o consumidor à compra. Se comprar apressado, sem ler - e quem tem tempo de ler tudo o que os rótulos trazem? – aí mesmo está roubado.


Basta chegar num supermercado, por exemplo, para ver que muitos produtos ditos sustentáveis, na realidade são meros objetos de estratégia de marketing e propaganda enganosa. Os produtores colocam rótulos que torcem o politicamente correto em termos de sustentabilidade, quando na verdade não fazem nenhum tipo de investimento ou têm reais preocupações com o que significa impacto ambiental, que aquilo que produz vai gerar.


Tempos atrás tinha uma propaganda de produto reutilizável que na natureza levaria 300 anos para ser absorvido, mas lá estava dizendo que comprando aquele objeto e usando de novo estaria economizando água. Verdade, pois não era preciso ´produzir de novo. Mas, outros impactos negativos no meio-ambiente não eram revelados.


Onde mais se mostra a questão da “lavagem verde” é no segmento de higiene e limpeza. Boa parte traz um selo verde. Mas, este selo pode ser qualquer coisa meramente ilustrativa criada pela agência de publicidade. Não quer dizer que o produto está inserido numa política ecológica ou que está habilitado por organismos oficiais de controle. É simplesmente uma etiqueta colada a título de induzir o consumidor ao erro. Nem todos têm a validade daqueles “selos” que são emitidos por instituições certificadoras pertencentes ao governo ou a ONGs reconhecidas.


Com certeza você já pegou um saco de pão e lá estava um rótulo verde. Resorts costumam se apresentar como “verdes”, mas não economizam água, não reciclam lixo e o material de higiene agride ao meio-ambiente. Restaurantes não separam lixo e se dizem amigas do meio-ambiente. Empresas de produtoss químicos não se adequam à legislação, mas dizem em suas publicações que têm preocupação com o meio-ambiente porque plantaram meia dúzia de árvores no jardim.


Para enfrentar este engodo o consumidor tem de estar atento, senão vai pagar caro por produtos e serviços que não valem nada e vão de encontro à sua consciência. Para escapar das armadilhas, que são muitas olhe na etiqueta verde quem está certificando. Fuja de expressões do tipo “produto amigo do verde”. “Ecológico”. “Sustentável”. “Protege o meio-ambiente”. Denuncie as empresas de moral degradada.


Jolivaldo Freitas jolivaldo.freitas@yahoo.com.br é escritor e jornalista


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor


 
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