Já são muitas horas de intensas chuvas. Momentos de medo e angustia, pois a natureza mostra a sua força. A chuva é necessária, estudamos e sabemos o tempo dela, para poder nos protegermos, no entanto o caos de uma cidade só é percebido durante um período de intensa pluviosidade.
É nesse momento que constatamos o quanto somos frágeis, pois a chuva mansinha, que serve de inspiração para poetas e cantores, não tem o mesmo significado da que causa a goteira em cima de uma esteira ou um colchão. Quando ouvimos o barulho da chuva sonhamos, quando vemos a água entrando na nossa casa nos apavoramos! Quando ruas se tornam rios e a águas invadem casas e arrastam carros, testemunhamos a falência da nossa cidade.
Isso sinaliza para uma tomada de decisão sobre o tipo de gestão pública que queremos. Será que queremos a gestão que planeja e discute com a população, que realiza obras que ficam permanentes e promovem segurança e qualidade de vida da população? Ou queremos a continuidade daquilo que foca apenas aparências? A qualidade da gestão pública só é lembrada e valorizada nos dias de chuva, na mobilidade urbana, em suma, se tudo estiver bem.
Eis aí o grande desafio! O meio ambiente e o social vivem lado a lado e se entrelaçam. Se quisermos fazer a diferença teremos que ser diferentes, inclusive de nós mesmo.
Será necessário mais que preservar as árvores e não lançar resíduos nas ruas! Temos a obrigação de construir e executar políticas públicas, do direito à cidade, do direito à terra e da inclusão social e ambiental. Venceremos se agirmos com respeito às leis da natureza e leais com a população.
Marinalva Cruz cruzsamari@gmail.com.br é bióloga formada pela UNEB e especialista em poluição do ar e saúde humana pela Universidade de São Paulo
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