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José Carlos Menezes


A velha política caducou e a nova ainda não nasceu



A “velha política” aqui é aquela que criou asas com o primeiro governo civil, após o golpe, os bons e velhos tempos do MDB, que na esteira da luta contra a ditadura, foi dominante na política brasileira, ainda que um saco de gatos, durante um bom tempo. 


Na sequência outro partido inflado, desta vez pelas mãos de Fernando Henrique Cardoso, durante os seus dois mandatos, e em seguida o PT, via Lula e Dilma, as duas organizações em litígio por décadas e se revezando aqui e acolá, em várias eleições. Noves fora detalhes, o método de governança foi comum aos dois, os chamados “governos de coalizão” ou, pelo – menos charmoso – “toma lá, dá cá”.  


Com exceção de um breve período, sob a regência de Fernando Collor, que elegeu-se pelo nanico PRN, falecido precocemente após o impeachment do seu criador, os três grandes partidos reinarem sozinhos até a última eleição, quando surge a prometida “nova política”, via Jair Bolsonaro e o seu PSL.


Derrotados fragorosamente nas urnas, encolhe-se o MDB e o PT, com o seu maior líder na prisão, que ainda não encontrou o seu lugar como oposição, juntos com o PSDB, que sob "nova direção", ainda procura um espaço para chamar de seu.


Mas a tal de “nova política”, apesar das promessas e arroubos da campanha de Bolsonaro, sequer conseguiu ser gestada. E, depois da troca de insultos e manobras ao estilo (talvez pior) da “velha política”, o destino político final do PSL e do presidente eleito é incerto, ao contrário da “nova política”, que está bem morta e sepultada.


Bolsonaro, campeão absoluto na troca de partidos (PDC, PPR, PPB, PTB, PFL, PP E PSC) deve sair do PSL em busca de uma sigla para chamar de sua ou ser forçado a expulsar boa parte dos seus integrantes. Os 53 deputados federais e outros tantos estaduais Brasil afora do PSL, sem a sua maior liderança, tenderiam a voltar a conviver com um partido nanico.


Por enquanto o MDB deve ser o estepe que manterá o carro andando, mantendo-se fiel a sua tradição de aliado, do poderoso de plantão, ainda que favorecendo apenas a um dos inúmeros grupos abrigados na legenda.


Em um cenário onde existem nada menos que 32 partidos políticos, devidamente registrados no TSE, todos sem qualquer liderança de peso e muito menos programas capazes de entusiasmar o eleitorado, nada indica mudanças na tal de “velha política”, onde o presidente atual, apesar das suas promessas, parece estar cada vez mais enredado.


A bagunça já se reflete nas pesquisas feitas recentemente, que apontam uma percepção nada animadora no espírito da população. 94% dos brasileiros da classe C ou média baixa, fundamental para decidir eleições, acreditam que há corrupção no Executivo e no Judiciário, 96% entre os empresários e 97% no Legislativo. 


A decepção, portanto, com o sistema é total. E Bolsonaro vai perdendo a sua bandeira de combatente impoluto contra a corrupção, levando junto, mais cedo ou mais tarde, o seu ministro da Justiça, o ex-juiz Sérgio Moro, símbolo da Lava Jato, para a vala comum da velharia da política.


Onde iremos parar? Exatamente é difícil de prever, mas as perspectivas não são nada boas.


José Carlos Menezes jcmenezesmkp@gmail.com é jornalista, publicitário e consultor político, com formação em Ciências Sociais. Diretor da CMSI - Comunicação e Marketing - Soluções Integradas é especialista em Planejamento e Comunicação Estratégica para órgãos públicos


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor


 
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