A gestão política se preocupa apenas em encher “seus egos”, realizar aquilo que atenda ao cargo ou o ego do setor/cargo que ocupa. Pouco se preocupa com o pensar da cidade e/ou povo, em se tratando da Cultura e de salvaguarda da memória e preservar a história, para a atual e as futuras gerações.
Envaidecer o ego e deixar cravada na nova história a sua marca é o que mais importa, mesmo que para isso tenha que destruir tudo que veio anteriormente, não deixando pedra sobre pedra. É a melhor maneira de destruir a memória cultural e a preservação da História/Cultura que ali existia.
Exatamente como faz um trator, um furacão ou uma enxurrada, passa por cima de tudo e de todos, o que importa é o que se quer, e pensa em ser o melhor. Devastando tudo encontrado pela frente, “devastando a sede desses matagais” – Zé Ramalho, não deixando nada que possa marcar o registro de quem passou e/ou ali produziu.
Ser gestor público é reunir o máximo de elementos possíveis, ou que sejam os pensamentos mais plurais e pulverizados, o qual permita chegar ao local mais longínquo e auxiliar na salvaguarda do que foi e é produzido naquele local, e por aquele povo. Isso é o que realmente deve importar para quem pensa em Cultura. É mexer o mínimo possível, para não alterar o significado e/ou a aparência do que ali existe.
Uma gestão pública deve pensar bem maior, realmente pensar grande, e não fazer de algo existente um monte de escombros.... Apenas para satisfazer o seu ego e deixar registrado o seu momento “história”, quem pensa no município e no povo, faz gestão para o povo e com o povo, e não para gestão e estritamente com a gestão, ou para dela tentar colher os frutos, que só a si alimentará.
É pensar, agir e permitir que a atual e as futuras gerações possam usufruir da real história, e não apenas de uma bela aparência estrutural, que naquele exato momento de sua inauguração é onde começará, terá e será história.
Essa Camaçari que não nasceu ali, onde exatamente foi contada, onde todos os dias nasce uma nova história, isso se dá por não termos tido quem com ela ou nela se preocupasse de verdade. Apenas passou ou passa, como passa o vento, que depois que foi deixou de ser, assim como poucas vezes deixa registro de boas lembranças. O que é lembrado mesmo, e que ninguém esquece, porque vira história, é o que foi destruído, o que ela produziu de fato, escombros, que apagam as marcas do que um dia foi e que tinha importância de verdade, por ter ou ser parte do registro real de nascimento do século XVIII. Ou ser o local que por um bom tempo foi quem, e de onde surgiu, geriu, criou, guiou, mensurou, transportou, controlou, guardou, preservou, instituiu e determinou uma parte significativa da nossa História/Cultura, ao qual nela mesmo se destrói, para nascer quem sabe, uma nova história, para que um dia quem sabe, passe a ser escrita e contada.
Essa é a Camaçari que comemora mais “um ano de vida política” ou da sua “Real História” que muito resta a ser contada, porém, pouco se preserva. E a culpa é de cada um de nós munícipes e artistas, que por inércia ou por omissão, permitiu que parte significativa da História, fosse ao chão.
Mas, como uma árvore forte, que nasce e renasce a cada dia, mesmo com sua mais ampla diversidade e pluralidade, se mantém de pé.
Viva a nossa árvore, que cresça e possa dar sombra e guarida boa para o povo que aqui vive e mora.
Cultura compreende traços rabiscados de forma simples e natural, deixando para que todos possam ler, mesmo que ignorantes sejam, por trata-se de sentir e não apenas ver e/ou enxergar.
Bispo da Cultura bispocultura@gmail.com é bacharel em Direito, vice-presidente do PT de Camaçari, produtor e agitador cultural, ator e diretor teatral e ex-integrante do Conselho da Cultura de Camaçari
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