É inegável que na cidade de Camaçari tivemos avanço para a cultura, seja ela pela criação e normatização da Lei do Conselho e do Fundo, a recriação da Secretaria da Cultura, chegamos ao ponto que estavam consolidadas algumas conquistas seja pela visibilidade da Cidade do Saber, não só por sua estrutura, mas também pelos espetáculos nela apresentados e/ou seja pela Semana de Cultura/Festival de Cultura e Arte, seja pela inclusão dos grupos de cultura popular na maioria das atividades ou ainda pelos valores pagos por Cachês aos artistas.
Porém, a cada dia que passa nessa gestão municipal, estamos voltando ao ponto de origem das ações culturais, ou seja, tudo parado.
Por outro lado, a sociedade constrói suas atividades, atos e ações as quais não têm a mínima participação da gestão seja pelo apoio ou pelo fomento, e por fim quando tudo está pronto a gestão vira sócia em parte igual da ideia e, consequentemente da ação.
Temos os programas da Secretaria da Cultura que não demostram de nenhuma forma os meios e caminhos para que os artistas de Camaçari possam estar na vitrine, uma por serem ações esporádicas e outras por serem ações que o artista lá estando, não é dada a importância como atração principal, diga-se de passagem, nunca foi, porém, a gestão atual disse e garantiu que seria.
Precisamos avançar nas políticas culturais e em suas ações efetivas, onde atenda a ponta, ou seja, quem mais necessita das políticas aplicadas na gestão pública, que são os artistas.
Precisamos ter ações mais consistentes, precisas, coesas onde os artistas possam ter uma luz e caminho de direção crescente e não decrescente, haja vista as ações da gestão municipal, em suma a maioria, é para dentro da gestão quando acontece. Isso se dá pelo formato que a administração municipal decidiu trilhar, não havendo nenhum problema com a decisão da gestão, porém, as ações estão ligadas prioritariamente para os fins sociais, e não para fins culturais, temos a consciência e sabemos que a cultura transforma por ser um dos apêndices, se não o principal instrumento da sociedade que auxilia na construção do ser humano, seja pela memória/história ou pelo fazer/saber.
Temos um grande trabalho pela frente, fechar um ciclo de ações da consolidação das Leis, e a sua expressiva e total representatividade, bem como a concretização do Sistema de Cultura, ferramenta essa que consolidará o planejamento da política cultural em Camaçari para os próximos 10 (dez) e/ou 20 (vinte) anos, que é o Plano Municipal de Cultura, além de garantir que as gestões invistam de forma direta no fundo municipal da cultura, para que tenhamos garantias e recursos para manutenção dos projetos e programas municipais indicados pelo plano.
Ampliar a participação da sociedade nos atos/ações da Secretaria da Cultura e na política/ação em geral da cultura, com a aprovação do Conselho, e ainda escancarar a portas (reuniões e atividades) do Conselho da Cultura, para que sirva à sociedade, para além de uma ferramenta de deliberação e fiscalização, seja também instrumento público que permita a classe artística, bem como a sociedade em geral propor, expor ideias e pensamentos, com isso fomentando a participação e formação de novos agentes fiscalizadores da política cultural no presente e futuro.
Bispo da Cultura bispocultura@gmail.com é bacharel em direito, vice-presidente do PT de Camaçari, agitador cultural, produtor e diretor de teatro e ex-integrante do conselho de cultura de Camaçari.
Marcelo Mutakani mutakani2014@gmail.com é representante do movimento negro e ex-membro do conselho de cultura
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