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José Carlos Teixeira é jornalista e especialista em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública

O cobiçado uísque Royal Salute 21 a R$ 97 a garrafa, vai querer? E um lote na Lua?


“E se pensas que burlas as normas penais
Insuflas, agitas e gritas demais
A lei logo vai te abraçar, infrator”
(Hino de Duran, de Chico Buarque)


O uísque Royal Salute 21 foi criado para homenagear a rainha Elizabeth II e lançado em 3 de junho de 1953, dia da coroação da monarca. A expressão significa “saudação real” em português e o número refere-se à salva de 21 tiros de canhão disparados em algumas cerimônias da realeza britânica.


Desde então, o Royal Salute tornou-se um dos mais famosos e requintados uísques do mundo. Produzido pela Chivas Brothers, é apresentado em icônicas garrafas de porcelana nas cores das joias da Coroa Real: azul (safira), vermelha (rubi) e verde (esmeralda).


É um uísque caro, evidentemente, pois trata-se de um blended de uísques que maturaram por pelo menos 21 anos em barris de carvalho – foram lançadas também edições especiais com 30, com 38, com 50 e com 62 anos de envelhecimento, algumas em garrafas ornamentadas com ouro e pedras preciosas incrustadas.


O mais barato, o Royal Salute 21, custa cerca de 200 dólares (pouco mais de R$ 1.200). Mas no Brasil, por um desses milagres que alguns crédulos costumam tomar como sérios, é possível comprar uma garrafa dessa preciosidade por módicos R$ 97 reais.


A oferta está sendo anunciada na internet, como uma promoção prévia da Black Friday, termo em inglês que significa “sexta-feira negra” e denomina um dia de grandes promoções e descontos oferecidos por lojas e varejistas em geral na última sexta-feira de novembro, inicialmente nos Estados Unidos. No Brasil, a Black Friday acontece desde 2010 e este ano será no próximo dia 24.


A promoção, contudo, tem sido costumeiramente alvo de críticas e controvérsias pelo fato de alguns comerciantes recorrerem ao condenável costume de inflacionar os preços antes do evento para depois oferecer descontos que, na real, não são tão significativos como apresentados na propaganda.


Na internet, então, a Black Friday tornou-se um terreno fértil para golpes de todos os tipos – como o da garrafa de Royal Salute 21 oferecida por meros R$ 97. E com frete grátis! Em uma breve navegada pela internet, nesta quinta-feira, vi smartphones oferecidos por R$ 103, refrigeradores duplex por R$ 319 e televisores de 50 polegadas por R$ 215…


Os golpes no mundo virtual, é claro, não se limitam a esse período. Em agosto passado, por exemplo, a cada 2,9 segundos foi registrada uma tentativa de fraude pela internet no Brasil – todas mal sucedidas, felizmente, graças às tecnologias de prevenção e autenticação. Ao todo, naquele mês, foram registradas nada menos que 924.017 investidas criminosas, de acordo com o Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian, divulgado esta semana.


São Paulo, com 266.407 tentativas, recebeu a maior preferência dos criminosos, seguido por Rio de Janeiro (88.732), Minas Gerais (80.670) e Paraná (67.801). Já a Bahia, com 44.628 tentativas, ficou na sétima posição no ranking nacional, mas em primeiro lugar entre os estados nordestinos, em números absolutos.


O aumento do número dessas tentativas de fraude no Brasil se deve a uma combinação de fatores, incluindo o aumento das atividades online, avanço tecnológico dos criminosos, motivação financeira e falta de conhecimento dos consumidores, segundo Caio Rocha, diretor de Produtos de Autenticação e Prevenção à Fraude da Serasa Experian.


Os dados do levantamento mostram que o setor favorito dos criminosos continua sendo o de “bancos e cartões”, que concentra a maior parte das investidas, com 52% do total. Na sequência vêm “serviços” (27,0%), “financeiras” (16,7%), “varejo” (3,0%) e “telefonia” (1,3%). E a maior parcela das vítimas (35,8%) se concentra na faixa etária de 35 a 50 anos, vindo a seguir as faixas de 26 a 35 anos (20%) e acima de 60 (19,9%).


Para combater os golpes é fundamental que tanto as pessoas como as empresas que atuam no ambiente virtual adotem medidas de autenticação e prevenção dos golpes, inclusive com a ajuda da tecnologia de identificação dos fraudadores. Mas, sobretudo, é preciso bom senso: afinal, Royal Salute 21 a R$ 97 nem mesmo em sonho.


José Carlos Teixeira  zecarlosteixeira@uol.com.br é jornalista, graduado em comunicação social pela Universidade Federal da Bahia e pós-graduado em marketing político, mídia, comportamento eleitoral e opinião pública pela UniversidadeCatólica do Salvador


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

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