Apesar do avanço do uso Pix e dos cartões, a maioria dos brasileiros segue com uma relação forte com o brasileiro. É o que mostra a pesquisa que aponta que 53,4% dos brasileiros preferem pagar contas e fazer compras em dinheiro. Ainda segundo o levantamento inédito realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC), em parceria com a empresa de transporte de valores Brink`s, depois das cédulas e moedas aparecem o cartão de crédito (20%), cartão de débito (16,5%), boleto bancário (4,6%) e o novato Pix, que surgiu no fim do ano passado, e tem a preferência de 3,5% dos brasileiros.
A pesquisa foi feita com 2 mil pessoas por telefone, o que, segundo o responsável pela pesquisa, o professor Fabian Salum, traz um recorte mais fidedigno da situação atual. “Evitamos o viés de respondentes de capitais e de internautas e isso mostrou que o dinheiro ainda está longe do fim”, diz.
O principal motivo para as pessoas continuarem optando pelo dinheiro em detrimento aos meios de pagamentos digitais é o controle, com 31,3% das respostas. Esse número se divide em dois tipos de controle: a possibilidade de saber o que gastam (26%) e não gastar o dinheiro que não têm (5,3%). Logo depois vem a facilidade, com 22,4%, e a segurança, com 11,1%.
De acordo com Salum, a questão de segurança acontece pela falta de infraestrutura de internet em boa parte do Brasil ou também pela falta de acesso a equipamentos melhores. “As pessoas têm receio de que o meio de pagamento não funcione por falhas na conexão ou do celular, por exemplo”, diz.
Esse número é ainda maior por causa do número de pessoas bancarizadas no Brasil. Segundo a pesquisa, 38,5% da população adulta brasileira não tem conta bancária. A maior incidência ocorre no Nordeste, com 47,1% das pessoas da região sem acesso a bancos, e a menor é no Sul, com 27,7%.
A pandemia também fez o dinheiro em circulação aumentar no Brasil. No início de 2020, segundo dados do Banco Central, eram R$ 212 bilhões em papel moeda na economia brasileira. Esse valor chegou a quase R$ 309 bilhões em dezembro do ano passado, muito puxado pelo pagamento do auxílio emergencial, e, entre março e agosto de 2021, caiu para R$ 280 bilhões.
O Pix estreou em novembro do ano passado e, quase um ano depois, tem a preferência de 3,5% da população. Ao mesmo tempo, a pesquisa aponta 49,2% da população já utilizou a ferramenta alguma vez. Porém, quando o recorte é na população mais jovem, as coisas mudam de figura: enquanto 27,2% dos millennials (nascidos na década de 1980 até meados dos anos 1990) admitem usar muito o Pix, o porcentual sobe para 43,2% da geração Z (nascidos entre a segunda metade da década de 1990 até o início de 2010).
O mesmo comportamento é visto nas carteiras digitais. No geral, apenas 0,1% da população coloca esse modelo como o seu preferido, mas a gerações Z (30,5%) e os millennials (15,9%) admitem usar a ferramenta com frequência. Estadão