A escalada de preços dos combustíveis e da conta de luz apontam para inflação recorde em setembro. O IPCA-15, prévia do índice oficial, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), saltou 1,14% neste mês, na maior alta para setembro desde 1994, início do Plano Real. No acumulado em 12 meses, o IPCA-15 ficou em 10,05%, maior alta sob essa ótica desde fevereiro de 2016, meses antes de a ex-presidente Dilma Rousseff ser afastada no processo de impeachment, em meio à recessão.
Os vilões de sempre dos últimos meses seguiram colocando mais lenha na fogueira da carestia. Sozinhos, a gasolina (alta de 2,85%) e a energia elétrica (alta de 3,61%) foram os itens com maior impacto positivo. Cada um deles adicionou 0,17 ponto porcentual na variação agregada do IPCA-15.
Os preços dos combustíveis respondem à política de preços da Petrobras - praticamente a única fornecedora dos postos, que tem repassado para as refinarias a alta das cotações internacionais do petróleo e do dólar no mercado brasileiro - e o emaranhado tributário que recai sobre esses produtos.
O preço médio da gasolina já acumula um salto de 39,05% nos últimos 12 meses. Apenas em setembro, os combustíveis em geral ficaram 3,0% mais caros. Além da gasolina, subiram etanol (4,55%), gás veicular (2,04%) e óleo diesel (1,63%).
A conta de luz vem encarecendo por causa da crise hídrica. Com as chuvas abaixo das médias históricas, os reservatórios das usinas hidrelétricas, principal fonte de geração no País, chegaram aos níveis mínimos históricos. Consequentemente, para garantir a geração de eletricidade necessária, são acionadas as usinas térmicas, cujo custo de operação é maior. Esse custo maior é repassado para o consumidor final por meio das “bandeiras tarifárias”, taxas adicionais cobradas conforme as regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Estadão