O comprometimento da renda das famílias brasileiras com dívidas bancárias chegou a 31,1% em dezembro. De acordo com o Banco Central (BC), número recorde reflete a parcela dos salários usada para pagar juros e amortizações de empréstimos. Ou seja: a cada R$ 100 de renda, sobram menos de R$ 70 para o pagamento das demais despesas.
Ainda de acordo com o BC, a pandemia, com seus reflexos diretos na economia, também aumentou o endividamento das famílias e chega ao rorde de 56,4% da renda total.
Enquanto os produtos sobem de preço, a renda segue achatada. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que a massa de rendimento do trabalho somou R$ 211,4 bilhões no trimestre encerrado em janeiro de 2021. O valor é quase 7% inferior ao do mesmo período do ano anterior.
As dívidas bancárias são outro ponto de pressão. Os dados mais recentes do BC mostram que, por ora, a inadimplência segue em níveis controlados, tanto para famílias quanto para empresas. Em fevereiro, a inadimplência atingiu 4,1% entre as famílias e 1,6% nas empresas. Os dados consideram o crédito livre, que excluem financiamentos com dinheiro do BNDES e da poupança como o crédito imobiliário.
Mas a situação não é confortável. Isso porque o BC só considera como inadimplência os atrasos de mais de 90 dias. No ano passado, os bancos promoveram renegociações de dívidas e deram carência para o pagamento de prestações, o que fez o indicador cair no segundo semestre.
Em 2021, os atrasos já começam a crescer. O BC aponta que, em fevereiro, os atrasos entre 15 e 90 dias – ou “pré-inadimplência – chegam a 3,65% (famílias) e 1,69% (empresas). Em dezembro, os porcentuais eram de 3,24% e 1,52%, respectivamente.
Dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) indicam que, de março a dezembro de 2020, as renegociações somaram R$ 971,5 bilhões. O valor das parcelas suspensas somou R$ 146,7 bilhões. Em 2021, essa fatura poderá ter de ser paga. Estadão