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O desafio de planejar a cidade como ela é


Juliana Franca Paes é urbanista formada pela Uneb, estudou nas universidades de Québec e Montreal (Canadá) e foi secretária de Desenvolvimento Urbano e de Meio Ambiente de Camaçari

 Como já é sabido, a cidade de Camaçari vive a retomada do processo de planejamento através da elaboração de um novo PDDU (Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano) que traz o desafio de conduzir o desenvolvimento e a expansão da cidade conforme o modelo pactuado e desejado. O que também se sabe, é que fazer planejamento de cidades costuma ser um campo de atuação dos típicos arquitetos e urbanistas, planejadores urbanos capazes de pensar as cidades, seus problemas e propor soluções. Só que não!


O primeiro ponto é compreender que operar, pensar e trabalhar a cidade não é uma tarefa simples e muito menos uma tarefa que está nas mãos apenas dos especialistas. A construção de cidades democráticas e que sejam capazes de enfrentar seus problemas e situações indesejadas, mostra que planejar e construir cidades é tarefa multi e interdisciplinar dependente de relações humanas.


O problema das ocupações desordenadas, por exemplo, que promovem as precárias condições de moradia e um elevado adensamento populacional nas habitações, são temas que nos despertam especialmente neste momento que vivenciamos a pandemia pelo COVID-19 (Coronavírus). Como manter o distanciamento social e as práticas de higiene preconizados pelas autoridades de saúde neste contexto urbano?


Vivemos hoje uma pandemia que certamente irá marcar nossa geração e o século 21. Nas cidades do Brasil está claro e notório que além de pessoas com perfil etário e de saúde com risco, há pessoas em alto risco territorial: favelas, loteamentos irregulares, bairros periféricos, assentamentos e ocupações precárias.


A história de formação das nossas cidades, que é também a das nossas comunidades (formação e dinâmica social), mostra que planejar o território a partir de leituras e proposições apenas dos técnicos e especialistas não produziu os efeitos desejados, qual seja, de vivermos em cidades ideais. O que a implacável realidade das nossas cidades brasileiras mostra, é que malgrado o plano de cidade ideal, os espaços se constroem, se modificam e se adaptam conforme inúmeras variáveis produzindo inexoravelmente a Cidade Real.


Se por um lado, correntes de pensamentos ao longo da história produziram cidades projetadas, espraiadas e negaram a cidade existente em busca de soluções mais salubres e da estética mais atraente, agora, nosso grande desafio é pensar e conceber soluções para a cidade como ela é.


Incorporar a noção de que planejar a cidade que se constrói é lidar com a realidade existente, trazendo estratégias e instrumentos capazes de superar a triste consequência da exclusão urbana que são as áreas de vulnerabilidade social e espacial, nos exigirá grandes esforços para a construção de um novo paradigma:  de que o planejamento territorial, além de contemplar a ocupação de novos espaços, precisa dar respostas ao enfrentamento das questões urbanas existentes e de que a sociedade precisa exercer uma maior atuação, onde o cidadão participe, colabore, compartilhe, debata e proponha de forma contínua percebendo que cada um é parte que forma um todo e que as escolhas individuais contribuem para o coletivo.


Juliana Franca Paes julipaes@gmail.com é Urbanista formada pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), estudou nas universidades de Québec e Montreal (Canadá), foi Secretária de Desenvolvimento Urbano e de Meio Ambiente de Camaçari (2017-2018), e atualmente é Assessora Especial na Prefeitura de Camaçari


Opiniões e conceitos expressos nos artigos são de responsabilidade do autor

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