O presidente Jair Bolsonaro criticou nesta terça (24) o fechamento de escolas para combater a epidemia. Na sua fala, terceiro pronunciamento em rádio e televisão sobre a crise do novo coronavírus, na noite de terça-feira (24), o presidente foi de encontro a uma medida de confinamento da população,. inclusive crianças e jovens, amplamente adotada mundo afora. Bolsonaro também culpou os meios de comunicação por espalharem, segundo ele, uma sensação de "pavor".
Até esta terça, 156 nações haviam fechado todas as suas escolas, segundo levantamento da Unesco. O órgão da ONU estima que 1,4 bilhão de alunos foram afetados pelas ações de resposta ao vírus, o que equivale a 82,5% dos estudantes de todo o planeta, cerca de 4 em cada 5.
Crianças e adolescentes não fazem parte do grupo de risco da Covid-19, mas podem atuar como importantes transmissores da doença ao transitar entre as escolas e suas casas, mesmo que não apresentem sintomas.
"O vírus chegou, está sendo enfrentado por nós e brevemente passará. Nossa vida tem que continuar. Os empregos devem ser mantidos. O sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento de comércios e o confinamento em massa. O que se passa no mundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos. Por que fechar escolas?", declarou.
Além disso, salas de aulas são ambientes propícios à propagação do vírus, já que o espaço entre os alunos é pequeno (normalmente menor do 1,5 m recomendado pela Organização Mundial de Saúde) e as atividades envolvem contato entre eles. Manter escolas abertas também aumenta o risco de infecção dos professores e funcionários que seguem trabalhando.
Além do Brasil, Estados Unidos, Indonésia, Fiji e Filipinas mantêm parte das escolas funcionando, segundo a Unesco. Na Suécia, escolas infantis estão autorizadas a abrir, ainda que muitas tenham fechado. Nesses países, não houve, até o momento, uma ordem para fechar todos os estabelecimentos. Nas Américas, Nicarágua, Haiti, Guiana, Suriname e Guiana Francesa têm suas escolas abertas. Na Argentina, por exemplo, as aulas estão suspensas desde a segunda passada (16).
O cenário se repete no Oriente Médio. A maioria dos países fechou todos os estabelecimentos de ensino. As exceções são Eritreia, Omã e Iêmen —este vive, desde 2014, uma guerra civil que destruiu seu sistema educacional. Na África, países em que as escolas ainda funcionam também são exceção. A Austrália é um dos poucos países com um alto número de casos (2.044 até esta terça) que ainda mantém todas as escolas abertas.