Os Estados Unidos voltarão a comprar carne in natura do Brasil. A importação estava suspensa desde junho de 2017. À época, os americanos usaram como justificativa para o embargo do produto in natura a presença de lesões causadas pela reação à vacina contra a febre aftosa. De lá para cá, a importação estava restrita apenas ao alimento processado e enlatado.
A reabertura depende do envio, pelo governo brasileiro, de uma lista de frigoríficos elegíveis para a exportação do produto. Antes do embargo, 13 unidades estavam habilitadas a enviar carne aos americanos. O mercado estima um potencial de vendas aos Estados Unidos de 20 mil toneladas e US$ 80 milhões este ano.
Os números são pequenos em relação ao total exportado pelo País no ano passado, de 1,85 milhão de toneladas e US$ 7,6 bilhões. No entanto, além do potencial de crescimento, o setor considera o mercado americano como um selo de qualidade para outras nações.
“É uma ótima notícia para o Brasil. O mercado americano não é tão representativo para nós em termos de volume, mas é muito importante conceitualmente termos esse mercado aberto”, disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
O superintendente técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Bruno Lucchi, afirmou que a abertura acelera o processo de negociação com outros países. “Os Estados Unidos são vitrine pelos padrões de exigências e, exportando para lá, exportamos para qualquer lugar”, disse Lucchi. “Essa reabertura é um passaporte do sistema de sanidade americano dizendo que nossa carne é de boa procedência”, completou Alcides Torres, sócio da Scot Consultoria, especialista em pecuária.
Para o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne (Abiec), Antônio Jorge Camardelli, o Brasil deve exportar aos Estados Unidos matéria-prima para fazer hambúrguer. A entidade ainda não tem estimativa de quanto poderá enviar aos americanos.
Demanda antiga do setor pecuário, a abertura do mercado dos EUA para a carne fresca brasileira ocorreu em setembro de 2016, após longo período de negociação. No entanto, em março de 2017, depois da deflagração da Operação Carne Fraca, pela Polícia Federal, a inspeção foi intensificada e, em junho daquele ano, a compra foi suspensa. A ação policial apontou irregularidades na inspeção sanitária em frigoríficos.
A suspensão estava em vigor desde junho de 2017, quando o secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, travou a compra do produto brasileiro, segundo ele, por causa de “preocupações recorrentes” com a segurança do produto destinado ao mercado americano. Na ocasião, ele informou que a medida continuaria em vigor até que o Ministério da Agricultura do Brasil adotasse ações “corretivas” para atender as exigências do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). Estadão