Os partidos de oposição PSOL, Rede e PT protocolaram na quarta-feira (19), no Conselho de Ética no Senado, uma representação em que pedem a cassação do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ) por quebra de decoro parlamentar. Também foi pedido o afastamento temporário de Flávio do cargo de terceiro secretário da Mesa Diretora do Senado.
As legendas indicam como motivação a ligação do filho do presidente Jair Bolsonaro com milicianos, a investigação sobre se houve "rachadinha" -esquema em que funcionários são coagidos a devolver parte de seus salários- no gabinete de Flávio, quando ele era deputado estadual no Rio de Janeiro, e a contratação de funcionários fantasmas neste mesmo período.
"É possível a cassação de parlamentar que tenha praticado ato indecoroso antes do início do mandato, condicionando-a, contudo, à constatação de que a conduta anterior fosse desconhecida. Os fatos vieram a lume após a eleição de Flávio Bolsonaro ao Senado Federal: o conhecimento público do relatório do Coaf [Conselho de Controle de Atividades Financeiras] é de dezembro de 2018 e as conclusões do MP/RJ [Ministério Público do Rio de Janeiro], de dezembro de 2019", diz trecho da representação.
"A permanência do representado em cargo na Mesa possibilita a retirada da essencial higidez e imparcialidade do processo, vez que potencializa a ocorrência de interferências do processado", diz o texto.
As suspeitas contra Flávio e o ex-policial militar Fabrício Queiroz tornaram-se o principal motivo de dor de cabeça do presidente Jair Bolsonaro desde sua eleição. A suspeita do Ministério Público é que Queiroz operava no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio um esquema de "rachadinha". O filho de Bolsonaro foi deputado estadual de fevereiro de 2003 a janeiro de 2019.
A Promotoria acredita ainda que Flávio lavou cerca de R$ 2,3 milhões obtidos no esquema por meio de uma loja de chocolates e de negociações de imóveis. A relação com o ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, morto na Bahia, com Flavio é considerada outra complicação para o parlamentar. Folha