Depois de articular a divisão do Ministério da Justiça, impondo um enfraquecimento ao atual titular da pasta, o ex-juiz Sérgio Moro, o presidente Jair Bolsonaro recuou e afirmou nesta sexta-feira (24) que há “zero chance” de um Ministério da Segurança Pública ser criado “neste momento”. Bolsonaro afirmou que "a chance no momento (de criar um ministério da Segurança Pública) é zero, não sei o amanhã, porque na política tudo muda, mas a intenção não é criar “.
Pela proposta de divisão do ministério, Moro perderia o comando da Polícia Federal (PF), do Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
A discussão sobre o desmembramento do Ministério da Justiça para criar um Ministério da Segurança Pública criou um mal-estar com o ministro Sergio Moro, que disse a aliados que poderia deixar o governo caso isso acontecesse. O presidente disse que não se manifestou antes sobre a questão de forma mais enfática porque estava em voo para a Índia, que levou 25 horas. “Há interesse de setores da política [na criação do ministério], simplesmente recolhemos as sugestões educadamente e dissemos que vamos estudá-las”, disse.
Na quarta-feira, 22, Jair Bolsonaro recebeu de secretários estaduais de Segurança Pública cinco sugestões para políticas na área em uma reunião. De todas elas, ele anunciou publicamente apenas uma – a divisão do Ministério da Justiça, com a recriação da pasta da Segurança Pública.
A opção de destacar a demanda mais polêmica chamou atenção dos próprios secretários, que viram na iniciativa um endosso de Bolsonaro à proposta. “O presidente anotou, disse que ia avaliar e no momento oportuno nos daria uma resposta sobre todos os pontos da pauta. O assunto principal não foi o ministério, foi a questão de recursos”, disse o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, presidente do Conselho de Secretários de Segurança (Consesp).
Segundo Bolsonaro ele não chegou a falar com Moro sobre o assunto porque não era necessário. “Não preciso falar com ele, nos entendemos muito bem. Ele tem o seu perfil, outros ministros têm os seus próprios, Brasil está indo muito bem”, disse. “Números de segurança pública estão muito bem, e é a minha máxima, em time que está ganhando, não se mexe.”
Ele disse que a maior pressão que existe é para a volta dos mistérios do Planejamento e da Fazenda, que foram fundidos para criar o Ministério da Economia. “Se isso (a pressão) se tornar público, vão dizer que eu estou querendo enfraquecer o [Paulo] Guedes.”
Bolsonaro é convidado especial para as celebrações do Dia da República, no próximo domingo (26). A viagem deve incluir a assinatura de pelo menos 10 acordos bilaterais, em áreas como segurança cibernética, bioenergia e saúde. Folha/Estadão/Agência Brasil