A cobrança de mensalidade nas universidades públicas para alunos que tenham condição de pagá-la não deve ser tratada como um tabu. O entendimento é do governador Rui Costa (PT), que defendeu a adoção de novas formas de financiamento das universidades públicas, incluindo o incentivo a doações, parcerias com a iniciativa privada e cobrança de mensalidade de estudantes de alta renda familiar. “Uma família que pagou educação privada a vida inteira não tem condições de contribuir com a universidade? Qual o problema disso?”, questionou o governador.
Assim como Bolsonaro, o governador Rui Costa também é alvo de protestos da comunidade universitária da Bahia. Os professores das universidades estaduais estão em greve há mais de um mês e reclamam de cortes no orçamento das instituições de ensino.
O petista também comparou o cenário brasileiro com o de países da Europa e afirmou que, sendo mais pobre, o Brasil não pode abrir mão de fontes de financiamento para universidades que países ricos não abrem mão. Mesmo defendendo a proposta, o governador reconheceu que este debate encontraria resistência dentro de seu próprio partido e de setores da esquerda, que historicamente defendem a educação superior pública e gratuita. “Quem é contra [cobrança de mensalidade] não é contra que o rico pague. Mas tem um discurso de que seria o início de uma privatização, que o passo seguinte seria cobrar de todo mundo. Não necessariamente é assim”, afirmou.
Além de defender a discussão de novas formas de financiamento, Rui Costa também afirmou que é preciso adotar mecanismos que permitam uma maior influência de representantes da sociedade nas decisões das universidades. Rui defendeu que os conselhos das universidades tenham uma maior participação de membros da sociedade para evitar o corporativismo. “O Brasil infelizmente tem uma tradição de corporações que se dão benefícios. Não necessariamente o que é bom para a universidade é bom para a sociedade”, afirmou. Com informações da Folha de São Paulo