O presidente Jair Bolsonaro usou as redes sociais para repetir que é favorável à prisão após condenação em segunda instância. "Na gestão anterior a AGU [Advocacia-Geral da União] manifestou-se a favor da prisão somente após o esgotamento de todos os recursos. Esse posicionamento será revisto pelo nosso governo em sentido favorável ao cumprimento da pena após condenação em segunda instância. Vamos combater a impunidade!", escreveu Bolsonaro no Twitter. A prisão de condenados em segunda instância é uma das bandeiras do ministro da Justiça, Sergio Moro, ex-juiz da Operação Lava Jato.
Ainda durante a campanha, o presidente se manifestou favorável à decisão tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar prender condenados após a condenação em segunda instância, antes do esgotamento dos recursos. Em dezembro, Bolsonaro elogiou a decisão do presidente do STF, Dias Toffoli, que suspendeu a liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, também do STF, que permitia a soltura de todos os presos condenados em segunda instância da Justiça.
Toffoli marcou para o dia 10 de abril o julgamento das ações que vão discutir de forma definitiva a possibilidade de prender condenados em segunda instância. A análise das duas ADCs (ações declaratórias de constitucionalidade) pelo plenário do Supremo poderá eventualmente mudar o entendimento vigente sobre a execução provisória da pena, antes de esgotados todos os recursos nos tribunais superiores.
Dependendo do entendimento firmado, a decisão poderá beneficiar condenados como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba após ser condenado em segundo grau no caso do tríplex de Guarujá (SP). Lula está preso desde 7 de abril deste ano. O Supremo enfrentará novamente o tema quando a prisão tiver completado um ano.
A tese do ministro Toffoli é que a execução da pena deve ser possível após decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça), que funciona como terceira instância da Justiça. A prevalecer essa tese, para Lula ser beneficiado, será preciso que o STJ reveja uma decisão do ministro Félix Fischer que negou prosseguimento ao recurso dele no tribunal. Folha de São Paulo