A proposta do futuro ministro da cidadania, Osmar Terra (MDB) de restringir o horário de venda de bebidas alcoólicas para ajudar a melhorar os índices de segurança pública, foi criticada por fabricantes e setores do comércio. Representante de gigantes do setor cervejeiro como Ambev e Heineken, o Sindicerv (Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja) citou o prejuízo econômico como impacto direto da medida.
"Pode agravar ainda mais a situação econômica do país, já que pode desempregar milhares de trabalhadores do setor de bares e restaurantes. Experiências internacionais mostram que a restrição dos horários de venda de bebidas não é o que reduz os índices de violência, cujas causas são mais complexas", afirmou em nota o Sindcerv. Setor de bares e restaurantes emprega 3 milhões de pessoas no país e 60% do consumo nesse setor é de bebidas alcoólicas.
Em entrevista publicada no jornal O Globo , Osmar terra disse que "se reduzir o horário de venda de bebidas alcoólicas em restaurante, em bar (...) podemos fazer junto com o [Sergio] Moro, na Justiça, uma política de redução da violência". Segundo Terra, a restrição de horário se justifica por que a maior parte dos acidentes e mortes causadas por pessoas embriagadas acontecem depois da meia-noite. Terra disse que a medida pode ser setorizada em lugares mais violentos. Terra citou como exemplo de sucesso Diadema (Grande SP), que desde 2002 tem uma lei que obriga os bares a fechar às 23h. Associada a outras ações, a medida ajudou a reduzir o número de homicídios na cidade.
Para Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), a fala do emedebista "tem equívocos muito importantes". "Urbanistas pregam exatamente o contrário, que se estimule o comércio e serviço, em especial bares e restaurantes, para estimular a segurança pública. Uma rua com pessoas é mais segura", diz. "Ele se preparou mal sobre o tema. Surpreende que faça uma tentativa nesse setor sem ouvir o setor."