Os indícios de desvios e corrupção envolvendo a construção na nova sede da Petrobras em Salvador eram do conhecimento da cúpula do fundo de pensão da Petrobras (Petros) há pelo menos 6 anos. É o que comprovam os documentos obtidos pela jornal Correio da Bahia, datados em 10 de novembro de 2012. O edifício, batizado de Torre Pituba e construído com recursos da Petros, foi alvo da 56ª fase da Operação Lava Jato na última sexta-feira, sob acusação de superfaturamento superior a R$ 1 bilhão.
Dois segurados da Petros enviaram correspondência ao então presidente do Conselho Fiscal do fundo, Silvio Sinedino, na qual relatam suspeitas de fraude no contrato para construção do edifício e alertam para a possibilidade de prejuízos à Petrobras e à Petros. A lista inclui detalhes sobre o aumento injustificado de quase 4 vezes o valor original do contrato e a participação de duas empresas de Minas Gerais no esquema de corrupção.
Na correspondência ao dirigente da Petros, os dois funcionários da Petrobras revelam que a empreiteira mineira Mendes Pinto, responsável pelo gerenciamento e fiscalização da construção, sequer possuía estrutura compatível para tocar projetos como o Torre Pituba. Aimda segundo esses documentos, a equipe da Mendes Pinto se resumia a dois arquitetos, um engenheiro civil sem experiência em obras do tipo e cinco estagiários, únicos vistos no canteiro do edifício.