O ex-presidente Lula recebeu em 6 meses de prisão 572 visitas em sua cela especial montada na Polícia Federal em Curitiba. A maioria feita pelos advogados com procuração para defender juridicamente o ex-presidente, entre eles, políticos como o candidato derrotado do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, que não atua nos processos contra o ex-presidente.
A nomeação de políticos aliados como defensores permitiu ao ex-presidente comandar o PT e a campanha de Haddad da prisão, onde cumpre pena de 12 anos e um mês desde o dia 7 de abril. Além do candidato, a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, o tesoureiro, Emídio de Souza, e outros três partidários, o deputado Wadih Damous e os ex-deputados Luiz Eduardo Greenhalgh e Luiz Sigmaringa Seixas, receberam procuração. A estratégia possibilitou visitas dos aliados de segunda a sexta a Lula. Esse direito é previsto em lei para defensores de presos.
O ex-prefeito de São Paulo escolhido por Lula, inicialmente, como seu vice e “porta-voz” foi oficializado candidato à Presidência pelo PT na semana seguinte fez 21 visitas a Lula na prisão. A primeira delas em 17 de maio, quando seu nome ainda era cotado como “plano B” para a disputa presidencial. A última, na segunda-feira chuvosa de 8 de outubro, após eleito com 31,3 milhões de votos (29,28%) para o segundo turno. Na última visita antes da derrota, Haddad entrou às 11h08 na cela e saiu às 14 horas. Deu uma entrevista à imprensa, em um hotel da cidade, e retornou para São Paulo.
Além de Haddad e os demais políticos, outros 21 advogados se revesaram nas visitas diárias a Lula. São defensores que atuam nas áreas criminal, cível e eleitoral. Os mais presentes foram os paranaenses Manoel Caetano Ferreira e Luiz Carlos da Rocha, com mais de 100 visitas cada, que cumprem as funções de representantes legais e também de companhia para o ex-presidente.
O criminalista Cristiano Zanin Martins, dos processos da Lava Jato, fez pelo menos 31 visitas no período. Greenhalgh é quem coordena a defesa de Lula no processo de execução de pena, na 12.ª Vara Federal de Curitiba. A banca constituída por Lula inclui ainda o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Sepúlveda Pertence (3 visitas), o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão (11 visitas), o experiente José Roberto Batochio (7 visitas) e o compadre Roberto Teixeira (4 visitas).
Nos seis meses de prisão, Lula recebeu 54 visitas “sociais”, entre elas, as de Dilma Rousseff (2 visitas), Jaques Wagner (3 visitas) e de algumas celebridades, como Chico Buarque, Martinho da Vila e o ator e ativista norte-americano Denny Glover. A quinta-feira é o dia das visitas de familiares e dos amigos de Lula – data especial reservada ao petista, os demais presos da carceragem da PF recebem a família nas quartas. Nos seis meses de prisão, os registros da PF mostram que o ex-presidente recebeu 116 visitas da família, a maioria dos filhos.
Na prisão, o ex-presidente também teve o direito de receber visitas “religiosas”, nas segundas-feiras. No período, foram 17 de líderes religiosos que estiveram com ele, o mais assíduo, o pai de santo Antonio Caetano de Paula Júnior, o Caetano de Oxossi (3 visitas), da Cabana Pai Tobias de Guiné, conhecida como Terreiro Tulap, em Curitiba.