Reduto do PT há mais de uma década, o Nordeste impediu que Jair Bolsonaro (PSL) vencesse a disputa presidencial no primeiro turno e se mantém como “cinturão da esquerda” no mapa eleitoral. O candidato petista ao Planalto, Fernando Haddad, ficou à frente de Bolsonaro nos 9 Estados da região e aposta nesse território para a difícil tarefa de virar o jogo.
No embate entre “os dois Brasis”, o Nordeste se transformou em trincheira de resistência a Bolsonaro, que mudou seu plano de governo para encaixar propostas mais populares, na tentativa de conquistar votos no único pedaço do País onde ficou atrás de Haddad. Bolsonaro prometeu pagar o 13.º salário a quem recebe o Bolsa Família, ciente de que o Nordeste concentra mais da metade das famílias atendidas pelo programa.
A resposta do ex-prefeito de São Paulo, que chegou até a exibir um chapéu de cangaceiro, não tardou. Haddad anunciou que, se eleito, reajustará em 20% os benefícios do Bolsa Família. Nenhum dos dois disse de onde sairão os recursos.
Embora não tenha repetido o desempenho dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff no Nordeste, Haddad conseguiu, até agora, evitar que a onda bolsonarista invadisse o último bastião do PT. Para a cúpula do partido, mesmo que o herdeiro de Lula não ganhe, o tamanho da derrota será importante na hora de reconstruir o projeto de poder.
“Vamos continuar trabalhando para construir um Brasil de união nacional e de paz, para acabar com essa polarização”, disse o governador da Bahia, Rui Costa (PT), já reeleito. Além de Costa e de Camilo, o PT reelegeu no primeiro turno o governador do Piauí, Wellington Dias, mas perdeu Minas e Acre. Dos nove Estados nordestinos – que concentram 26,6% dos eleitores –, apenas o Ceará não deu a maior votação para Haddad na primeira rodada da disputa. Lá, Ciro Gomes (PDT) ficou na dianteira. Estadão