O servente de pedreiro Adelio Bispo de Oliveira, 40 anos, que atacou com uma faca o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, na tarde de quinta-feira (6/9) foi indiciado pela Polícia Federal com base na Lei de Segurança Nacional, que prevê penas para crimes por motivação política. O indiciamento revela que a principal hipótese da PF nesta fase inicial de investigação é que a motivação para o crime tenha sido política. O agressor, ao assumir o crime, disse que agiu por conta própria e “em nome de Deus”.
A lei prevê reclusão de 3 a 10 anos por "prática de atentado pessoal ou atos de terrorismo, por inconformismo político ou para obtenção de fundos destinados à manutenção de organizações políticas clandestinas ou subversivas". O tempo de reclusão pode ser dobrado em casos de lesão corporal grave, que é o caso de Bolsonaro, e triplicado em caso de morte.
Em relação às investigações do atentado, o ministro Raul Jungmann, da segurança, afirmou que 3 suspeitos podem estar envolvidos. No entanto, a única certeza no momento é o nome de Adelio que atacou Bolsonaro.
Adelio partcipou nesta sexta-feira de uma audiência de custódia, que é realizada com presos em flagrante até 24 horas depois da prisão. Ele foi transferido da sede da PF em Juiz de Fora para o Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (CERESP), também no município mineiro, e agora deve ser encaminhado a um presídio federal. Em depoimento à polícia, Adélio Bispo de Oliveira, que atacou o presidenciável, afirmou que agiu motivado por 'questões pessoais'.
O agressor será mantido em um local isolado e que sua segurança seja reforçada para evitar qualquer tipo de retaliação que possa acirrar ainda mais o clima da campanha eleitoral.
Segundo a PF, um segundo suspeito de envolvimento no crime, investigado por “incitar a violência”, foi "detido, ouvido e liberado (na madrugada de sexta-feira), mas segue na condição de investigado". A identidade do suspeito não foi revelada.
Um terceiro suspeito, mencionado por Jungmann, se machucou na confusão após o atentado e foi hospitalizado: “Existem outros que estariam envolvidos, mas até agora não há uma comprovação fática desse envolvimento, não se tem provas, embora eles permaneçam como suspeitos e estejam sendo averiguados”, disse.
O ministro afirmou que as investigações sobre os outros dois suspeitos ainda estão no âmbito da Polícia Civil, e em breve serão repassados para a Polícia Federal. Apesar de um gabinete ter sido montado na sede da PF em Brasília para acompanhamento imediato do caso, o inquérito deverá tramitar na Justiça Federal de Juiz de Fora e, a princípio, a condução das investigações será feita pela unidade da PF no local.
A partir de agora, a PF realizará a reconstrução dos passos de Adelio até o momento da agressão contra Bolsonaro, além de “um mapeamento da rede de relacionamentos dos suspeitos”.
O diretor-geral da instituição, Rogério Galloro, ordenou que o crime seja solucionado no menor tempo possível. O chefe da corporação tem dito a seus diretores que o momento é de serenidade e profissionalismo. Dentro da PF, a velocidade da investigação é vista como imprescindível para evitar que teorias da conspiração surjam e que o clima na corrida eleitoral aumente ainda mais.