Cerca de 90% do acervo do Museu Nacional foi perdido com o i incêndio de domingo (2/9). A avaliação é da vice-diretora do museu, Cristiana Serejo que estima que a reconstrução do prédio incendiado custará R$15 milhões. O valor seria para a parte estrutural, uma vez que o que foi perdido é insubstituível, ressalvou. O meteorito de Bendegó, o maior do país, descoberto no Sertão da Bahia em 1784 e parte do acervo do Museu Nacional desde 1888 foi uma das peças recuperadas.
O museu não possuía porta anti-incêndio nem sprinklers. Os detectores de fumaça não funcionaram. A água nos hidrantes não era suficiente. Não havia seguro contra incêndio e o acervo também não estava segurado.
Cristiana afirmou que o orçamento vem caindo desde 2015, com contingenciamento de um terço do total, passando de R$ 514 mil a R$ 314 mil. "Sobrou parte do acervo dos invertebrados, o setor de vertebrados e botânica. Foram retiradas algumas cerâmicas, peças minerais e os meteoritos, talvez uns dias 10%", estimou. "A gente estava preocupado com incêndios. Tivemos problemas de falta de verba e de burocrática".
A diretora relatou que ainda não tem informações sobre o fóssil de Luzia, o mais antigo das Américas. O crânio ficava numa caixa ainda não localizada. As múmias egípcias, que formavam a maior coleção de história egípcia da América Latina queimaram, assim como o setor de entomologia. O laboratório de paleontologia ficou intacto.
A vice-diretora não arriscou traçar o futuro do museu. Ela disse que é possível que sejam reproduzidas imagens que foram incendiadas com impressoras 3D.
O Ministério da Educação vai destinar R$ 10 milhões para reformas emergenciais do museu. Outros R$ 5 milhões serão disponibilizados numa 2ª etapa para a realização do projeto de reconstrução do prédio.
O acervo do museu era composto por cerca de 20 milhões de itens. Entre os destaques estão a coleção egípcia, que começou a ser adquirida pelo imperador Dom Pedro I; o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, batizado de "Luzia", com cerca de 11.000 anos; um diário da Imperatriz Leopoldina; um trono do Reino de Daomé, dado ao Príncipe Regente D. João VI, em 1811; o maior e mais importante acervo indígena e uma das bibliotecas de antropologia mais ricas do país.