Quase um terço (29%) dos professores da educação básica, que vai do do ensino infantil ao médio, exercem outras atividades, além das aulas, para complementar a renda. De acordo com a pesquisa do Movimento Todos pela Educação os professores da rede privada são os que mais fazem 'bico', com 38% dos entrevistados. O porcentual é superior aos do sistema público , onde 22% nas redes municipais e 30% nas estaduais, exercem outra atividade. O levantamento com mais de 2 mil professores de todas as capitais do País, de março a maio deste ano, mostrou que a maior parte dos professores não desenvolve atividades relacionadas à educação, mas a comércio, produções artísticas e prestação de serviços.
Segundo o estudo do Todos, em média, o incremento na renda é de R$ 439,72 mensais. Pesquisa sobre remuneração na carreira do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), mostrava diferenças entre as redes pública e privadas em 2014 (não há atualização do estudo). Docentes de escolas particulares tinham naquele ano o menor salário médio do País - de R$ 2.996, 66, valor 16,2% menor do que nas redes estaduais e 12,1% a menos que nas municipais.
“Há uma visão de que a escola particular é de elite, mas os dados mostram que a realidade da maioria não é essa”, diz Priscila Cruz, do Movimento Todos pela Educação. Para ela, o professor, ao ter de realizar “bico” para complementar a renda, tem menos tempo disponível para as atividades ligadas à docência, como preparação de aulas, correção de atividades e cursos de especialização e formação. “Não podemos esquecer que professores são profissionais com ensino superior completo, têm demandas de consumo mais sofisticadas, o que se reflete em sala de aula, em um ensino de qualidade. Se os pais querem esse ensino para os filhos, devem cobrar das escolas um salário melhor”, afirma Priscila.