A manipulação da opinião pública por meio das redes sociais feitos por partidos políticos e governos está crescendo e já atingiu 48 países nos últimos 12 meses. De acordo com estudo feito pela Universidade de Oxford (Reino Unido), que já incluia o Brasil na lista, mais 20 novos países aparecem na mais recente pesquisa na comparação com os números exiibidos no ano passado. O avanço é mais considerável em países da América Latina e do Sudeste Asiático. O Brasil apresenta taxa considerada 'média', enquanto Estados Unidos, China e Russia aparecem com taxa 'alta' de manipulação.
Para Samantha Brown, doutoranda do Instituto da Internet de Oxford e autora do estudo com Philip Howard, a tendência é que isso se repita na disputa eleitoral brasileira. "Campanhas de desinformação vão ocorrer em todas as grandes plataformas utilizadas no Brasil", afirmou ela.
"As ferramentas e técnicas de manipulação estão constantemente evoluindo e se tornando mais sofisticadas" disse Samantha Brown, doutoranda do Instituto da Internet de Oxford e autora do estudo com Philip Howard. Segundo a pesquisa, esses grupos organizados por atores políticos atuam disseminando fake news (notícias mentirosas), criando perfis falsos para aumentar artificialmente a importância de determinados assuntos e candidatos e usando análise de dados para fazer propaganda a públicos específicos.
Desde 2010, quando os pesquisadores encontraram as primeiras referências a esse tipo de ação estruturada, os 48 países mencionados já gastaram US$ 500 milhões (R$ 1,85 bilhão) para montar suas sentinelas cibernéticas. Mesmo no caso de ditaduras, como em Cuba e na Venezuela, a manipulação também ocorre, aponta o estudo. Os palcos preferidos de atuação das organizações manipuladoras continuam a ser o Facebook e o Twitter, mas sua presença tem crescido em outras plataformas, como o WhatsApp, o Telegram, o Instagram, o SnapChat, o WeChat e até mesmo o Tinder, aplicativo usado para relacionamentos.
Há também registro de ações organizadas para fazer determinado site ou tema ganhar relevância nos principais mecanismos de buscas da internet, como Google, Bing (da Microsoft) e Yahoo!. Esses grupos estiveram presentes na maior parte das eleições disputadas no planeta neste período, lista que inclui a Alemanha, a Itália, a Rússia, a Turquia, o México, a Colômbia e o Chile.
Em cada país, os exércitos cibernéticos são organizados de formas diferentes. Em alguns locais a manipulação é feita exclusivamente por pessoas —casos da Hungria, da Colômbia e da Coreia do Norte—, enquanto em outros são usados apenas robôs, como ocorreu na Austrália, na Síria e no Camboja. A maioria, porém, usa uma combinação das duas técnicas. O número de envolvidos também varia, indo de duas dezenas na Coreia do Sul a centenas de milhares na China, assim como o valor gasto por cada país e a organização interna dos grupos. Com informações da Folha de São Paulo