Fanfarronices Muito mais que escolas de formação musical e degrau inicial no mundo da arte, as fanfarras são importantes fábricas de cidadania. Infelizmente, esse conceito segue ignorado pela atual gestão cultural de Camaçari que insiste em apequenar trabalhos de inclusão desses grupos com centenas de jovens carentes.
Fanfarronices 2 Com a ajuda oficial reduzida, a Bamuca (Banda Marcial de Camaçari), a Fanesc (Fanfarra Estudantil de Camaçari), a Fanesp (Fanfarra Estudantil de Parafuso), além de outros grupos musicais de Camaçari, praticamente desativaram seus projetos de formação musical. Conta de diminuir atinge algumas centenas de jovens.
Fanfarronices 3 A Bamuca, orgulho da cidade e listada entre as melhores da Bahia, é exemplo pronto e acabado desse descuido. Com ajuda financeira reduzida e incapaz de assegurar a continuidade das oficinas técnicas, o projeto de educação musical e formação de novos músicos e dançarinos praticamente desapareceu do calendário de atividades da banda que completou 41 anos em maio. Sem apoio suficiente no município, seja da prefeitura ou do empresariado, a Bamuca busca pagar suas dívidas com apresentações fora da cidade. Pelo 2º ano a banda troca o desfile de 7 de Setembro de Parafuso por um cachê para se apresentar noutra cidade baiana.
Fanfarronices 4 Desafinada dos gestores culturais não atinge apenas as fanfarras. Camaçari também acabou a sua orquestra pró-sinfônica. Projeto, que chegou a atender mais de 50 jovens, começou a definhar na gestão do petista e depois sem partido, Ademar Delgado. Mas, foi na administração do demista Antonio Elinaldo que o projeto ganhou a extrema-unção.
Fanfarronices 5 Viabilizada na gestão passada como alternativa à orquestra sinfônica popular de Camaçari, antecessora nascida com pompas e nenhum planejamento na gestão do petista Luiz Caetano, a pró-sinfônica seguiu o mesmo caminho de descaso. Considerado secundário, projeto de formação de novos talentos com inclusão de jovens carentes do município terminou silenciado.
Fanfarronices 6 Criada numa canetada, com a contratação de músicos profissionais de Salvador, quando deveria iniciar com um núcleo pró-sinfônico para formar jovens camaçarienses com o apoio desses mesmos profissionais vindos da capital, a sinfônica popular de Camaçari não passou de um sonho de verão do alacaide Caetano. Peocupado em mostrar para a Bahia e para o mundo um projeto de cidade que deu certo, cacife necessário para sua postulação ao governo do estado, esqueceu do principal. Sem realizar os investimentos e ajustes necessários, inclusive com o afastamento do controle da orquestra da problemática ONG Instituto Professor Raimundo Pinheiro, na éopoca gestora do programa Cidade do Saber, a sinfônica foi sendo silenciada até ser desfeita e transformada em pró-sinfônica.
Fanfarronices 7 A pró-sinfônica ainda resistiu por cerca de 3 anos até morrer de total inanição nos braços da gestão Marcia Tude, titular da pasta da cultura desde janeiro de 2017. Com o pagamento das bolsas de R$ 470,00 atrasadas desde meados de 2016, e nenhum benefício somado no ano passado, graças a falta de vontade política da Secult em prosseguir com o projeto, a orquestra definhou até perder as forças. Mesmo com custo mensal de cerca de R$ 30 mil, o equivalente ao salário de 4 ‘aspones’ , espécie que infesta a máquina pública nessa e noutras gestões, a Pró-Sinfônica foi considerada não prioritária no novo projeto cultural.
Fanfarronices 8 Sem importante instrumento de cidadania e formação, muitos desses jovens vivem hoje os riscos das ruas. Um exemplo é o ex-bolsista que diante da suspensão do projeto não viu outra alternativa senão trocar os instrumentos de cordas da pró-sinfônica pelo isopor de água mineral no pedágio da Estrada do Coco.
Fanfarronices 9 O fim da orquestra não ameaçou apenas o futuro de muitos jovens. Sofisticados instrumentos usados em conjuntos sinfônicos, como marimbas e tímpanos perderam a serventia e correm sérios riscos de depreciação. Na época, segundo apurou a Coluna, o investimento para a montagem da orquestra foi de cerca de R$ 300 mil.
Fanfarronices 10 Sem Pró-sinfônica e com as fanfarras agonizando, partitura da desafinação sob a regência da Secult empurra Camaçari para um passado que se imaginou morto e enterrado.
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João Leite Filho joaoleite01@gmail.com (Editor)
13/7/2018