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Embraer agora é empresa sob controle do capital americano


Com a transação com a Boeing, o governo brasileiro perde o poder de veto em decisões na nova Embraer

A Embraer e Boeing anunciaram, nesta quinta-feira, dia 5, a assinatura de um memorando de entendimento para a formação de uma joint venture contemplando os negócios e serviços de aviação comercial da fabricante brasileira. 


Fundada em 1969, a Embraer é um dos poucos exemplos nacionais em que a coordenação do trabalho de inteligência da academia (Instituto Tecnológico de Aeronáutica, no caso), governo e iniciativa privada são capazes de criar empresas de ponta. Privatizada nos anos 1990, hoje ela representa um setor econômico de manufaturados, em contraposição à presença maciça das commodities na pauta de exportação. É a terceira do mundo na fabricação de jatos comerciais. Emprega 18.000 pessoas e está entre as maiores exportadoras do país, que ajudam a equilibrar a balança comercial e as contas públicas.


Em comunicado conjunto divulgado na quinta-feira (5/7), as duas empresas afirmam que o acordo propõe uma parceria que contemple serviços de aviação comercial da Embraer, alinhada com as operações de desenvolvimento comercial, produção, marketing e serviços de suporte da Boeing. Nos termos do acordo, a Boeing deterá 80% da propriedade da joint venture e a Embraer, os 20% restantes. A área de Defesa fica fora desta nova empresa. 


O governo brasileiro, que detém a chamada golden share, ação preferencial com direito a vetar decisões da Embraer atualmente, perde essa prerrogativa diante da nova empresa, informou a assessoria da Boeing. Ela só valeria para a área de negócios ligados a defesa da companhia que nasceu em 1969. A extinção dessa ação preferencial brasileira já estava em debate no Tribunal de Contas da União. Segundo edição de hoje do jornal Valor, o TCU deve autorizar a venda da golden share, tanto da Embraer, como de outras em negócios onde o Governo tem essa preferência.


A nova empresa formada junto com a Boeing é avaliada em 4,75 bilhões de dólares. A Boeing pagará 3,8 bilhões de dólares pelos 80% de propriedade na joint venture. A americana deterá o controle operacional e de gestão da nova empresa, que responderá diretamente ao diretor executivo da Boeing, Dennis Muilenburg. A expectativa é que a parceria gere sinergia anual de custos estimada de cerca de 150 milhões de dólares – antes de impostos – até o terceiro ano. A joint venture vai funcionar na sede da Embraer, na cidade de São José dos Campos, a 100 quilômetros da capital paulista, incluindo um presidente e CEO.


O Governo brasileiro deu aval para o anúncio nesta quarta, depois de meses de negociação. Em dezembro, o presidente Michel Temer chegou a dizer que o Brasil não podia negociar “soberania e interesse nacional.” “No entender deste Governo, soberania é inegociável”, disse Temer, que completou na sequência. “Agora, todo o restante, que seja bom para a empresa, que ajude a melhorar a empresa, seja de quem for, ele é muito bem-vindo”. O que chama a atenção é o fato de que, inicialmente, o negócio parece melhor para a Boeing do que para a Embraer, e um dos poucos exemplos de inteligência de mercado e excelência do Brasil quando se trata de negócios com emprego de alta tecnologia.


Mas, se a sede da joint venture efetivamente permanecer no Brasil, a nova parceria pode inclusive ampliar as exportações brasileiras para o exterior, avalia José Augusto Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). “Teoricamente, deve expandir as exportações do Brasil. A Boeing é americana, que é o maior mercado importador de aviões do mundo. Isso só fortalece a empresa e evita que alguém, no futuro, coloque barreiras contra a Embraer. A princípio, é positivo, lembrando que só saberemos realmente daqui a quatro ou cinco anos, pois o que está sendo vendido hoje foi negociado anos atrás", afirma Castro.


Por ora, a proposta apresentada nesta quinta é que a joint venture se torne um dos centros de excelência da Boeing para o desenvolvimento de projetos, a fabricação e manutenção de aeronaves comerciais de passageiros e será totalmente integrada à cadeia geral de produção e fornecimento da americana, que passará a oferecer os aviões que são a especialidade da Embraer: aeronaves menores de passageiros para aviação regional. Segundo o comunicado, o plano é construir aviões de 70 a mais de 450 assentos, além de aviões de carga. As empresas também devem criar outra joint venture para promoção e desenvolvimento de novos mercados e aplicações para produtos e serviços de defesa, em especial o avião multimissão KC-390, a partir de oportunidades identificadas em conjunto.


A finalização dos detalhes financeiros e operacionais da parceria estratégica e a negociação dos acordos definitivos da transação devem continuar nos próximos meses. Uma vez executados estes acordos definitivos de transação, a parceria estará, então, sujeita a aprovações regulatórias e de acionistas, incluindo a aprovação do governo brasileiro, bem como outras condições habituais pertinentes à conclusão de uma transação deste tipo. Caso as aprovações ocorram no tempo previsto, a expectativa é que a transação seja fechada até o final de 2019, ou seja, entre 12 a 18 meses após a execução dos acordos definitivos. El País

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